Os bispos da Igreja Anglicana em Moçambique e Angola (IAMA) convocaram para terça – feira, 14 de Novembro, uma reunião da Comissão Permanente da 23ª Sessão do Sínodo Diocesano para discutir a resignação imediata de Dom Carlos Matsinhe. Contudo, a reunião foi adiada para uma data ainda por anunciar.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) validou os resultados das VI Eleições Autárquicas, ignorando todos os pressupostos que davam conta de que aquele processo eleitoral era o mais fraudulento da história da jovem democracia moçambicana.
Na sequência do anúncio dos resultados, o vice – presidente da CNE, Fernando Mazanga, reconheceu que a instituição que chancela os processos eleitorais em Moçambique foi capturada pela elite da Frelimo e apontou o dedo a Dom Carlos Matsinhe pelo péssimo trabalho feito pela CNE nas VI Eleições Autárquicas.
Aliás, Mazanga referiu que tentou chamar Dom Carlos Matsinhe a razão, mas o mesmo acobardou-se e cedeu à pressão da elite do partido no poder.
“A responsabilidade da CNE é fazer a supervisão do recenseamento dos actos eleitorais. Significa que independente do trabalho dos tribunais que só intervém numa pequena parte chamada contencioso eleitoral e o resto dos actos administrativos são da responsabilidade da Comissão Nacional de Eleições. Tivemos um trabalho péssimo orientado pelo Dom Carlos Matsinhe. O Matsinhe deixou-se acobardar pelas ameaças que acho que vinha recebendo. Ainda ontem tivemos desavença forte onde o vice – presidente indicado pela Frelimo disse vamos votar, perguntei onde estava a sua consciência para ser orientado pelo membro da Frelimo”, rematou.
Depois das críticas dos partidos da oposição e organizações da sociedade civil, parece que as palavras de quem trabalha directamente com o homem de Deus emprestado à política foram a gota que transbordou o copo dos bispos da Igreja Anglicana em Moçambique e Angola que pediram, recentemente, a resignação imediata do seu bispo, Carlos Matsinhe.
Refira-se que na eleição para a validação dos resultados, a Frelimo determinou sozinha no órgão o futuro da democracia moçambicana, com oito votos a favor, sendo que os membros dos partidos e ou membros da sociedade civil indicados pela oposição em número de cinco votos votaram contra, enquanto os dois outros votantes preferiram abster-se, sendo que entre os que preferiram abster-se consta nada mais, nada menos que o próprio presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Dom Carlos Matsinhe que preferiu eximir-se de alguma responsabilidade, lavando as mãos como Pilatos o fez quando foi chamado a decidir sobre a libertação ou não Jesus Cristo.
A postura de Matsinhe não foi recebida com agrado no seio da Igreja Anglicana, daí que os Bispos daquela congregação em Moçambique e Angola entendem que o mesmo deve ser imediatamente afastado do cargo de Arcebispo por ter fintado a lei Deus e faltar com a verdade (eleitoral).
No entanto, a reunião que havia sido marcada para terça – feira que tinha como único ponto o debate sobre a carta dos bispos da Igreja Anglicana em Moçambique e Angola, que pediam a resignação imediata de Dom Carlos Matsinhe do cargo de Arcebispo foi adiada para uma data ainda por se anunciar.
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