Tomaram uma base das FDS, queimaram casas e saqueiam bens das comunidades

DESTAQUE POLÍTICA
  • Terroristas voltam a mostrar musculatura em Chiúre e Macomia
  • Nalguns troços, terroristas introduzem cobranças para deixar motoristas seguirem viagem

A semana passada foi novamente desafiante para as Forças de Defesa e Segurança e população de pelo menos três distritos do Norte de Cabo Delgado. Os insurgentes voltaram a mostrar um “à vontade” ao atacarem uma posição militar na vila de Mucojo, Distrito de Macomia, causando a morte de pelo menos 25 militares moçambicanos. Na mesma semana, alargaram as suas incursões para o distrito de Chiúre, onde incendiaram casas e saquearam bens da população em algumas aldeias de Nacoja, posto administrativo de Mazeze, havendo também relatos de terem sido avistados no distrito de Memba, em Nampula.

Redacção e Adolfo Manuel

Quando a paz e tranquilidade pareciam estar estabelecidas em Cabo Delgado, depois do abate do principal líder dos insurgentes, Ibin Omar, em Agosto do ano passado, seguindo-se a um longo período em que os insurgentes pareciam fragilizados e sem mais capacidade de combate, segundo fez fé a narrativa oficial, eis que nas últimas semanas voltaram a mostrar alguma força.

Depois de, entre finais de Janeiro e início de Fevereiro, se terem movimentado para o Sul de Cabo Delgado a partir de Mucojo, no distrito de Macomia, atravessando o distrito de Quissanga e espalhando-se pelos distritos de Metuge, Ancuabe, Chiúre e Mecufi, emboscando civis e forças de segurança ao longo do caminho, os terroristas voltaram a atacar com requintes de barbárie na semana passada.

Na madrugada de sexta-feira para sábado, no seu ataque mais significativo da semana, os terroristas invadiram de surpresa uma posição militar causando a morte de 25 militares das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).

Trata-se de uma posição que estava estacionada em Mucojo, Distrito de Macomia. Segundo escreve a Zumbo FM Notícias, depois deste ataque, os terroristas supostamente tiraram as fardas das vítimas e amontoaram os corpos num determinado local.

O administrador do Distrito de Macomia, Tomás Bandae, citado pela mesma publicação, sem entrar em muitos detalhes, confirmou o ataque e que os terroristas chegaram a assumir a posição que se localiza nas imediações da vila de Mucojo.

“Sim, houve um ataque numa posição militar. Os terroristas tomaram sim a posição militar, após um assalto bem sucedido. Daí não temos informação se estão lá ou já abandonaram, pois ainda não temos informação. Nós não temos comunicação com Mucojo, pois não tem rede lá”, disse o Administrador de Macomia, Tomás Bandae, confirmando o segundo ataque a Mucojo em menos de um mês.

O outro ataque reportado com requintes de barbárie aconteceu nalgumas aldeias de Nacoja no distrito de Chiúre, onde os grupos armados incendiaram residências, igrejas e ainda se apoderaram de alguns produtos alimentares que estavam em alguns estabelecimentos comerciais.

Em conversa com o Evidências, alguns membros da comunidade de Nacoja referiram que os terroristas são oriundos do distrito de Mecufi, que faz fronteira com a província de Nampula, sendo que há relatos de que os terroristas estão a circular nas comunidades disseminando mensagens com vista a convencer os jovens a engrossarem as suas fileiras.

Relativamente ao balanço da mais recente incursão dos insurgentes a nossa equipa de reportagem tentou contactar a chefe da localidade de Nacoja, mas na sequência dos ataques a mesma se encontra em parte incerta, sendo que circulam informações dando conta de que foi se refugiar no distrito de Memba, em Nampula.

De referir que esta é a segunda vez que os terroristas semeiam terror no distrito de Chiúre no corrente ano, uma vez que em Janeiro atacaram o posto administrativo de Catapua, região que foi instalado o maior centro de família.

Insurgentes introduzem taxa de circulação para cristãos

Naquilo que pode ser encarado como a nova fase do terror, os insurgentes estão a espalhar comunicados informando aos motoristas que não são da religião islâmica que serão assassinados se forem surpreendidos na estrada. Para beneficiar-se de um indulto deverão pagar pelo menos 150 mil meticais.

O referido comunicado, cuja autenticidade ainda não foi possível aferir, está escrito em português e inglês, e é peremptório: “os motoristas muçulmanos devem contribuir para o vosso din no Islão. O motorista cristão e judeu deve aceitar ser muçulmano, se negar paga, caso não pague queimamos o carro e levamos (…) devem pagar para passar livre e à vontade nesta estrada do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico”.

Este domingo (11.02), partiram do campo de ameaças para a acção quando assassinaram um motorista e queimaram um carro, em Muaguide, na via de Macomia. Sorte diferente teve o motorista de um autocarro da transportadora Nagi Investments, no qual só arrancaram valores monetários aos passageiros e entregaram as duas cartas ao motorista e seus companheiros, segundo escreve o portal Integrity.

Facebook Comments