António Niquice concorreu sozinho e venceu de forma folgada

POLÍTICA
  • Estratégia de candidatos únicos de Roque Silva soma e segue

Tal como havia alertado o Evidências, semana passada, acabou se cumprindo a vontade de Roque Silva, que, mais uma vez, impôs uma candidatura única nas eleições internas do partido, como, de resto, tem sido apanágio nos últimos anos em que a concorrência livre tem sido desencorajada no partido dos camaradas. Com efeito, o deputado e membro sénior do partido, António Niquice concorreu sozinho e foi eleito com mais de 90% de votos ao cargo de 1º secretário do partido na cidade de Maputo, em substituição de Rasaque Manhique, forçado a renunciar para concorrer a edil da capital do país.

 

Evidências

 

Depois de meses a ser dirigido interinamente, o partido Frelimo na cidade de Maputo, elegeu, finalmente, este sábado, o sucessor de Rasaque Manhique. Trata-se de António Niquice, eleito em mais um controverso processo em que o secretário-geral do partido fez vincar a sua estratégia de candidatos únicos.

 

Segundo dados apurados pelo nosso jornal, a sucessão de Rasaque Manhique vinha até, esta segunda-feira, a decorrer dentro da normalidade e a respeitar a vontade dos membros do Comité da Cidade de Maputo, e o processo prometia ser transparente e cumpridor dos estatutos e das Directivas para as eleições internas.

 

Nesse processo houve um período de candidaturas que terminou no sábado passado e até à essa data, só havia entrado uma propositura, depositada no sector de organização a nível do Comité da FRELIMO na Cidade de Maputo. Trata-se da candidatura de Oliveira Rodrigues Perrengue, primeiro secretário interino cessante.

 

Mas as coisas se estragaram e começou o jogo de manipulação do processo quando, de acordo com as nossas fontes, Roque Silva, secretário-geral da FRELIMO, conhecido pela sua veia ditadora e sua famosa fórmula de candidatos únicos à moda da Coreia do Norte, ligou para o Comité da Cidade e orientou para a recessão de mais candidaturas, mesmo depois de findar o prazo.

 

Nesse contexto, vieram a entrar já fora do tempo as candidaturas de António Mahumene e Antonio Niquice, este último deputado da Assembleia e ex-porta voz do partido, perfazendo três candidaturas.

 

De seguida, num caso considerado estranho, António Mahumane decidiu retirar a sua candidatura, junto ao Comité de Verificação do Comité da Cidade, muito provavelmente depois de ter recebido a indicação de que “ainda não é a sua vez”.

 

Com efeito, o Comité de Verificação da Cidade de Maputo enviou as candidaturas de Oliveira Perrengue e António Niquice ao Comité de Verificação do Comité Central para os devidos procedimentos. Este órgão, por sua vez, enviou as candidaturas à Comissão Política.

 

Na Comissão Política, referem as nossas fontes, o Roque Silva defendeu a exclusão da candidatura de Oliveira Perrengue e a manutenção de um só candidato o António Niquice, contrariando, a vontade de parte significativa dos membros do Comité da Cidade que defendem até ao momento, a candidatura, do actual Primeiro-Secretário interino.

 

Este jogo sujo, que reafirma uma marca de ditadura à moda coreana de Roque Silva, está a gerar divisão e revolta entre os membros do partido na cidade de Maputo, alegadamente porque não reflecte a sua vontade e viola o direito de voto pressuposto que vinha guiando o partido na dita a democracia interna.

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