- VM7 e seu advogado apanhados na curva
- Esposa de Elvino Dias é a quarta na lista em que ele é cabeça-de-lista
- Advogado desdramatiza e diz que a esposa “lutou muito”, mas não convence
Começa a desmoronar aos poucos o castelo de integridade, transparência e combate cerrado à corrupção que tem sido apregoado em discursos políticos pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane. Na semana passada, a Coligação Aliança Democrática (CAD), que suporta a sua candidatura, foi notícia no país pelas piores razões, ao se descobrir indícios claros de nepotismo na composição das listas dos candidatos a deputados da Assembleia da República. Um dos casos mais flagrantes é do advogado e uma espécie de número dois na organização, Elvino Dias, que encabeça a lista da CAD em Tete, e a sua esposa, com quem partilha mesa e cama, segue no número 04, o que imediatamente levantou questionamentos, pois aquele momento político sempre se declarou contra a corrupção, nepotismo e outras práticas antidemocráticas. Interpelado pela imprensa, desvalorizou o facto, alegando que a esposa era membro activa desde os tempos das marchas pelos resultados na cidade de Maputo, tendo chegado a estar detida, no entanto a justificação não convence, sobretudo alguns jovens de Tete que almejavam também um lugar ao sol, ou seja, constar naquela lista.
Venâncio Mondlane e seu movimento ainda sequer tiveram a lua de mel, mas o problema já vem ao de cima. Semana passada, o movimento que se transformou num fenómeno político nacional deixou cair sobre o pano branco uma indelével nódoa.
É que, o movimento que muitas vezes autoproclamou-se defensor dos valores da democracia e integridade, mas parece que está inquinado em perpectuar as mesmas práticas antidemocráticas que Venâncio Mondlane e seus seguidores tanto diziam abominar na Frelimo e Renamo, o que está a gerar alguma indignação no seio da sociedade moçambicana.
Uma das práticas que chocou os moçambicanos e manchou a reputação de Venâncio Mondlane e da CAD é o nepotismo. O assunto foi despoletado quando após uma análise minuciosa os próprios membros da CAD que, certamente, esperavam ter uma vaga nas listas descobriram que, afinal, a esposa do advogado e uma espécie de número 02 de Venâncio Mondlane, Elvino Dias, estava colocada numa posição de destaque e de fácil eleição numa lista encabeçada pelo marido.
Trata-se de Esmeralda de Sousa, que aparece como número 04 na lista do círculo eleitoral de Tete, a mesma em que o seu marido é o número 01. Ou seja, em caso de eleição dos dois, o casal vai levar para casa quase 500 mil meticais. A situação imediatamente criou um alvoroço no seio dos simpatizantes da CAD, que fizeram questão de vazar as listas em protesto, porque o casal nem é natural de Tete.
A informação não foi recebida com agrado também na sociedade moçambicana que via no movimento uma alternativa política, mas que não consegue digerir aquilo que já é encarado como traição, pois o nepotismo é uma prática que o próprio Elvino Dias sempre criticou nas redes sociais e nas suas aparições públicas.
Para além de Elvino Dias, há relatos de que Manecas Daniel, um dos fundadores da CAD, colocou seus dois filhos nas listas e em lugares elegíveis.
Interpelado pela imprensa, Elvino Dias desdramatizou alegando que a sua esposa, com quem partilha mesa e cama, consta das listas graças ao seu próprio trabalho e devoção à causa de Venâncio Mondlane.
“A CAD é uma coligação que dá primazia a quem trabalha. E as esposas podem fazer parte da CAD mediante actividades concretas que demonstraram e essas actividades não começaram agora, vem desde o período das marchas, em que algumas até ficaram nas cadeias… Então, quando foram elaboradas as listas para a Assembleia da República tomou-se isso em consideração”, justificou-se, sem, no entanto, convencer sobretudo aos jovens simpatizantes de Tete que almejavam fazer parte das listas.
Outra prática que tem sido atribuída ao movimento de Venâncio Mondlane é de suposta intolerância política contra quem pensa contrário ou tenha uma opinião crítica à atitude de Venâncio Mondlane e seu grupo.
Não raras vezes, Venâncio Mondlane ou seus apoiantes ligaram para jornalistas, incluindo os do Evidências insultando-os, alegadamente porque não tiveram um posicionamento parcial e favorável a si no decurso do seu trabalho, ou seja, a Aliança Democrática, de democracia só tem no nome, pois tem sido avessa à crítica e ao pensamento contrário.
Entre a classe jornalística, há até já relatos de jornalistas que foram ameaçados de serem banidos das coberturas dos eventos da Coligação Aliança Democrática e seu candidato, alegadamente porque tem sido crítico ao movimento.
Um dos jovens jornalistas que já recebeu advertência de banimento é o jovem jornalista e activista social, bastante activo no facebook, Nádio Taimo que foi enxovalhado com uma dose de arrogância e intolerância só por ter ousado opinar que a CAD, se calhar, não é uma plataforma com estrutura suficientemente capaz de suportar e levar Venâncio Mondlane ao poder.

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