Chapo versus erros da Frelimo em uma Nação construída às cegas

EDITORIAL

Frelimo é o partido que governa o país desde 1975. Em 1994, realizaram-se as primeiras eleições passando para uma governação multipartidária, inaugurada pela Constituição de 1990. E o partido governou nos dois modelos. Modelos políticos à parte, a Frelimo governa o país há 49 anos.

 

Sem falarmos das infra-estruturas, nestes 49 anos, apesar de constar em todos Planos Quinquenais o pilar da Unidade Nacional, o partido não foi capaz de construir uma estrada que liga o país de Rovuma ao Maputo. Em termos sociais e económicos, é responsável por colocar o país na lista dos dez mais pobres do mundo, e tem os sectores (educação, saúde e transporte) que constituem pilares básicos em contínua degradação. Ou seja, o pouco que foi feito não tem encontrado nos governos que sucedem uma consolidação, pelo contrário, vê-se uma destruição ou uma incapacidade administrativa manter e de conceber planos sociais à altura dos desafios do país, pressionando os sectores consolidados até que arrebentem. O que anula qualquer êxito do partido, afinal, uma conquista só é válida sem encontra no Executivo seguinte uma manutenção e não aniquilação, afinal estamos diante de mesmo partido o que supõe que os planos de governação refletem as aspirações dos membros da organização e quando não encontram na sua liderança uma plena implementação, o partido tem responsabilidades que vai muito além daqueles comunicados de saudações da CP, do contrário é cúmplice. Esta é a interpretação mais séria se assumirmos que a Frelimo é um partido sério e com estatutos sérios.

 

O sistema de educação já foi dos melhores, no entanto, no governo actual encontrou uma marginalização sem precedentes, uma expressiva destruição, inadmissível para um consulado que tem a responsabilidade de olhar o país a longo prazo e consciente de que sua construção é dependente da mão-de-obra que será produto desta mesma educação. Não há aqui outro milagre possível e não se pode perspectivar um país desenvolvido sem mínima seriedade na gestão de educação. Podia se dar exemplos de mais fracassos inaceitáveis. É assim que estamos 49 anos depois da independência.

 

É óbvio que diante deste cenário não se pode negar assumir que a Frelimo cometeu erros. Joaquim Chissano admitiu, à margem das cerimónias centrais de 25 de Junho, que não estamos onde desejamos, embora nenhum moçambicano tenha ciência de onde afinal desejamos chegar. Nem os mais ilustres doutores desse país têm a visão de Moçambique a longo prazo, mesmo que seja num intervalo de 30 anos. Nem os próprios servidores públicos. Porque isso não existe. Nem a nível sectorial. O MINEC nem tem acessível a visão de Moçambique que deseja projectar no concerto das nações para os próximos 50 anos. A agenda de 2025 foi encerrada. Seguimos construindo a Nação às cegas.

 

Talvez não, é neste contexto que Daniel Chapo, recorrendo ao aforismo, diz que não se pode esperar resultados diferentes fazendo as mesmas coisas e promete uma governação diferente. O problema dessa admissão está no facto de não saber se estamos diante de um discurso de quem está à procura de simpatia ou estamos diante de um político com senso de compromisso, que embora raro, existe. Difícil responder, afinal não conhecemos este homem diante de nós. O que sabemos é que passados 49 anos de uma governação que não inspira confiança, a Frelimo não poderá contar com aquele eleitor que votava na história do partido. A ANC é disso um exemplo. Tem agora um eleitor consciente da incapacidade governativa do partido, um leitor que precisa de um plano. A ideia de que os novos actores políticos mobilizam apenas nas redes sociais e nas grandes capitais provinciais não é honesta se termos em conta que até os fãs tradicionais nas zonas periféricas são os mesmos que denunciam que o partido está esgotado. No próximo ano, a Frelimo completa exacto meio século de governação, e tem o azar de estar em transição num contexto onde as capulanas não compram voto, as opções para eleitores são aliciantes e não confiar na máquina (roubo de votos), como fez com as autarquias, porque o caos social seria inevitável. 

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