- Depois de Nampula e Quelimane, a história repete-se em Inhambane
- Vahanle e Manuel de Araújo também relataram episódios similares em 2023
- Polícia sempre alegou que agentes à paisana têm missão de garantir segurança
Venâncio Mondlane denunciou, no domingo, 18 de Agosto, um alegado atentado contra a sua vida no distrito de Zavala, província de Inhambane. Segundo o candidato independente à Presidência da República, um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM), munido de uma arma de fogo, acompanhou a marcha que fez naquele ponto do país supostamente com propósito de assassiná-lo, mas tal não aconteceu devido à pronta intervenção dos seus seguranças. Na sua versão dos factos, o Comando Provincial da PRM, em Inhambane, desmentiu as acusações de Venâncio Mondlane, tendo referido que o agente da lei e ordem foi destacado para proteger a passeata. Trata-se de um incidente recorrente, tendo sido registado no ano passado em eventos similares ocorridos contra Paulo Vahanle, em Nampula, e Manuel de Araújo, em Quelimane, sendo que a polícia sempre apresentou a mesma justificação.
Duarte Sitoe
De acordo com Venâncio Mondlane e membros da delegação da Coligação Aliança Democrática (CAD) na província de Inhambane, um agente da Polícia da República de Moçambique, que responde pelo nome de Hélder Cossa, colocou-se por detrás da linha de segurança de Venâncio Mondlane e ao longo da marcha empurrou o delegado província.
A CAD e o candidato por si apoiado referem que quando o delgado se apercebeu do comportamento estranho do agente da corporação liderada por Bernardino Rafael fez questão de perguntar o que estava por detrás daquele modus operandi, sendo que o mesmo partiu para ameaças.
“O delegado, notando que se tratava de uma atitude estranha, sinalizou para a segurança privada de Venâncio Mondlane. Um dos seguranças aproximou-se discretamente e ia controlando os movimentos do guarda estagiário. A dado momento, o Guarda estagiário, Hélder Cossa, tenta furar a barreira de segurança para se aproximar bruscamente do candidato. Nesse exacto momento, a segurança imobiliza o guarda estagiário e notam que trazia uma arma com 15 balas no carregador. A arma foi arrancada do indiciado e ficou na posse da delegação da CAD em Quissico. Ressaltar que o visado quando imobilizado e sentindo-se aflito grita com uma declaração suspeita: fui mandado para ser segurança do candidato”, aponta o comunicado da Coligação Aliança Democrática.
Ainda na sua explanação sobre o suposto atentado frustrado, a CAD revela que o agente da lei e ordem foi levado para o Comando Distrital, onde o comandante local ignorou a lei e pautou por um discurso moralista.
“Estando a arma na posse da delegação, neutralizado o guarda que queria fazer o atentado, uma hora depois aparece um contingente da polícia com um superior hierárquico a pedir a devolução da arma. Venâncio Mondlane e parte do pessoal da segurança e da delegação, recusaram-se a entregar a arma no local da imobilização, tendo afirmado que o fariam no Comando Distrital ou na esquadra próxima”, sublinhou.
Venâncio Mondlane, que prestou declarações logo a seguir ao incidente, denunciou que enquanto ele e sua delegação prestavam depoimento ao procurador, o suposto agressor fugiu sob olhar impávido das autoridades policiais.
PRM diz que agente à paisana visava garantir segurança da passeata
Na sua versão dos factos, a Polícia da República de Moçambique ao nível da província de Inhambane desmentiu as acusações de Venâncio Mondlane e da Coligação Aliança Democrática.
O Comando Provincial referiu que Hélder Cossa é agente da PRM e que foi destacado para acompanhar a passeata de Venâncio Mondlane, uma vez que a CAD solicitou protecção para VM nos distritos da província, sendo que para o efeito activou várias linhas operativas, tendo, por isso, alocado agentes à paisana.
Ainda na tentativa de limpar a imagem da corporação, a Polícia da República de Moçambique em Inhambane deplorou os textos e fotos divulgadas pela CAD e Venâncio Mondlane nas redes sociais.
“Os membros da CAD neutralizaram o agente, arrancaram a sua arma, fizeram fotos e textos e espalharam nas redes sociais, dizendo que se tratava de um atentado a Venâncio Mondlane, o que não é verdade”, sublinhou.
Esta não é a primeira vez que é reportado um incidente similar com um candidato da oposição. A 22 de Agosto de 2023, dia em que a autarquia celebrava 67 anos de elevação à categoria de cidade, o então edil de Nampula, Paulo Vahanle também denunciou um suposto atentado, quando um agente da PRM foi encontrado no meio da multidão que acompanhava o comício com uma arma de fogo. Também foi neutralizado e a sua arma foi arrancada, sendo dias depois entregue à polícia. Curiosamente sua arma também continha 15 munições.
Duas semanas depois de Paulo Vahanle, Edil de Nampula, ter denunciado uma tentativa frustrada de o assassinarem, o presidente do Município de Quelimane, Manuel De Araújo, denunciou uma suposta tentativa frustrada de assassinato, também alegadamente protagonizada por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), num comício.
Nestes dois incidentes, a PRM também alegou que tratava-se de agentes a paisanas destacados para proteger aqueles dirigentes da Renamo. No entanto, a polícia nunca deixou clara a razão porque os assegurados não têm conhecimento desta protecção à paisana.

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