Edmilson Mate
Após o seu controverso triunfo nas eleições presidenciais, parece que Daniel Chapo tem vindo a seguir algumas das orientações das ‘’Medidas governativas’’ de Venâncio Mondlane, que, para muitos, é o “presidente do povo”, devido ao seu apoio popular que se estende desde as campanhas eleitorais até hoje.
Recentemente, Chapo anunciou medidas que, embora não sejam directamente uma cópia das propostas de Mondlane, reflectem preocupações semelhantes. A redução do IVA ( Imposto sobre Valor Acrescentado) sobre os produtos de primeira necessidade e a redução do preço das portagens foram destacadas como formas de aliviar o custo de vida do povo. Estas medidas para mim e para muitos, são de facto positivas, não importam se são necessariamente do DN ou VM, pois vão atenuar o custo de vida que tem dificultado o desenvolvimento dos moçambicanos, em todas vertentes, principalmente para as camadas mais desfavorecidas da sociedade.
Além disso, Chapo mencionou a implementação do Fundo de Desenvolvimento Económico e Social Local, que tem como objectivo apoiar jovens empreendedores, estimular a criação de empregos e promover o crescimento económico sustentável. Embora sejam acções positivas, essas medidas por si só não resolvem as questões estruturais que afectam a população, especialmente a desconexão entre o governo e os cidadãos, que se sentem cada vez mais afastados das decisões políticas.
Embora as acções de Chapo possam ser vistas como uma tentativa de aliviar as tensões sociais, o presidente deve priorizar o diálogo político, um tema que tem abordado em algumas das suas aparições públicas. No entanto, há uma falha clara, em não reconhecer a importância de Venâncio Mondlane nesse processo. O “presidente do povo” representa uma parte significativa da população que se opõe ao governo de Chapo. O diálogo não significa, necessariamente, compartilhar o poder com o VM, mas, sim, estar disposto a ouvir e a considerar as preocupações e propostas daqueles que não se sentem representados pelo governo.
As manifestações não surgem apenas como uma expressão de descontentamento económico, mas também como uma reação à falta de comunicação entre o governo e o povo. O diálogo com Venâncio Mondlane é crucial para promover a paz social e garantir uma maior inclusão no processo político. Ao não reconhecer o VM7, Chapo corre o risco de aprofundar ainda mais as divisões no país.
Portanto, as medidas económicas anunciadas por Chapo são um passo positivo, mas elas não serão suficientes para garantir uma estabilidade social. O governo precisa de avançar com um compromisso mais forte em relação ao diálogo, não apenas com os seus aliados, mas também com a oposição, a fim de garantir que todas as vozes sejam ouvidas e consideradas. Somente com uma postura inclusiva será possível construir um Moçambique mais unido e capaz de superar os desafios políticos e sociais que enfrenta.
Em conclusão, o nosso país precisa de mais do que apenas reformas económicas. O país necessita de um governo que esteja disposto a ouvir todas as partes e a fomentar um diálogo verdadeiro e construtivo, especialmente com as vozes da oposição. Sem isso, as tensões e manifestações continuarão a ser uma realidade difícil de contornar.

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