Desde que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) divulgou os resultados das Eleições Gerais, Legislativas e das Assembleias Provinciais que, posteriormente, foram validados pelo Conselho Constitucional, eclodiu uma onda de manifestações convocadas por Venâncio Mondlane, em todo território nacional, que, por vezes, resvalam em actos de desordem pública, saque e vandalização de bens públicos e privados. Na semana em que o país voltou a ser palco de manifestações contra o elevado custo de vida, com requintes de sabotagem económica, o presidente do Tribunal Supremo, Adelino Muchanga, referiu que os autores, incitadores e financiadores das manifestações estão identificados e serão responsabilizados.
Os protestos pós-eleitorais, que evoluíram para reprovação da governação devido ao alto custo de vida, têm concorrido para a destruição de infraestruturas públicas e privadas, bem como para a vandalização de unidades industriais e estabelecimentos comerciais. Semana finda, o presidente do Tribunal Supremo, Adelino Muchanga, visitou alguns dos tribunais destruídos durante a onda de manifestações, tendo deixado duras críticas contra os promotores dos distúrbios.
Na ocasião, Adelino Muchanga assegurou que os autores, incitadores e financiadores das manifestações estão identificados e serão responsabilizados, justificando que a referida acção visa proteger os alicerces do Estado. “Estão identificados, mas não vou falar aqui os nomes, estamos a trabalhar. É para não passar a ideia de que há impunidade, de que as pessoas podem acordar e fazer o que querem, portanto, vamos responsabilizar os autores materiais, os autores morais, os incitadores, os financiadores, os promotores”, disse Adelino Muchanga, para posteriormente referir que o trabalho “está sendo feito e penso que a sociedade percebe que é momento de o Estado impor a sua autoridade”.
Como forma de mandar um sério aviso à navegação, o presidente do Tribunal Supremo referiu que já foram identificados os líderes a nível central e local, mas sem referir os seus nomes. “São vários e estão identificados. Como disse, não vou falar aqui os nomes, mas estamos a trabalhar para fazer o mapeamento de todas as situações. Sabemos que esta organização está estruturada, tem líderes a nível central, a nível local, nas povoações, portanto, as pessoas não podem pensar que o Estado não existe”, disse
Refira-se que em Dezembro do ano passado, Adelino Muchanga jurou de pés juntos que não havia nenhuma ordem de prisão contra Venâncio Mondlane que na altura estava fora de portas. “Nos tribunais de Moçambique não existe nenhuma ordem de prisão contra o engenheiro Venâncio Mondlane. Significa que se ele chega agora a Moçambique, naturalmente, é um cidadão livre”, disse .
De acordo com dados da Plataforma Eleitoral DECIDE, desde o início das manifestações morreram mais de 400 pessoas, sendo que o grosso abraçou a morte depois de ser alvejado mortalmente por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM). No entanto, o presidente do Tribunal Supremo não falou de responsabilizar os agentes da lei e ordem que, para além de violarem os direitos humanos, usaram balas reais para matar os manifestantes, tendo se limitado apenas em falar de responsabilizar os autores morais das manifestações.

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