- Chapo disposto a ter sangue nas mãos para estancar manifestações
O Presidente da República, Daniel Chapo, abriu um precedente discursivo perigoso, esta segunda-feira, ao sugerir qualquer sacrifício, incluindo derramamento de sangue, se for necessário, para travar a onda de manifestações em curso um pouco por todo o país. Chapo colocou as manifestações ao mesmo patamar que o terrorismo e a subversão dos Namparamas, prometendo colocar um ponto final ao movimento liderado por Venâncio Mondlane, que, ao seu ver, prega o evangelho do ódio
Evidências
Depois das manifestações contra os resultados eleitorais anunciados pela Comissão Nacional de Eleições e, posteriormente, validadas pelo Conselho Constitucional, o país assiste actualmente uma nova onda de protestos contra o elevado custo de vida.
No entender do Chefe de Estado, os promotores das manifestações pretendem “estrangular a economia nacional, destruir estradas, esquadras de polícia e roubar armas para matar o povo”.
Para reverter o actual cenário, Daniel Chapo pede a união dos moçambicanos para travar protestos usados para colocar em causa símbolos, heróis e emblemas nacionais.
“Fica claro que existem pessoas que, tal como usaram os terroristas o assunto da religião e da juventude, também se aproveitaram das eleições para poder fazer manifestações, pregar o evangelho do ódio, entre irmãos moçambicanos para destruir Moçambique”, referiu.
Endurecendo o tom contra os manifestantes, Chapo deu a entender que o Governo já está a equacionar todas soluções possíveis, incluindo o que chamou de derramamento de sangue.
“Tal como estamos a combater o terrorismo e há jovens que estão a derramar o seu sangue, para a integridade territorial de Moçambique, para a soberania de Moçambique, para manter a nossa independência, aqui em Cabo Delgado; mesmo se for para jorrarmos sangue para defender esta pátria contra as manifestações, vamos jorrar sangue. Vamos combater o terrorismo, vamos combater os Namparamas e vamos combater as manifestações”, disse sob fortes apupos de uma plateia maioritariamente composta por membros da Frelimo.
Tal como o seu antecessor, Daniel Chapo tem hasteado nas suas aparições públicas a bandeira da luta contra a corrupção. A título de exemplo, o Chefe de Estado referiu, à margem da visita de trabalho que efectua na província de Cabo Delgado, que não há nenhum país no mundo que alcança o desenvolvimento com ladrões e bandidos.
“Nós viemos aqui para dizer que tudo o que prometemos já começámos a fazer, como disse vamos continuar a fazer e uma dessas coisas é que precisamos de combater a corrupção. Não há nenhum país no mundo que se desenvolva com corruptos, com bandidos, ladrões, com manifestantes violentos que atacam os outros, que destroem bens”, disse Daniel Chapo.

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