- Ministério viu-se obrigado a adiar início do curso dos mancebos por falta de comida
- Nos últimos anos subiu o nivel de descontetanemnto no seio das FADM no TON
O Presidente da República, Daniel Chapo, exonerou, na última semana, através de um Despacho Presidencial, Joaquim Rivas Mangrasse do cargo de Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM). Para o cargo deixado vago por Mangrasse, Chapo nomeou Júlio Jane, que vai herdar tropas sem moral, uma vez que, para além dos recorrentes atrasos de salários, as Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) enfrentam, actualmente, problemas logísticos, com o grosso dos quartéis sem mantimentos, fazendo com que militares fossem dispensados para as suas casas e a sua presença fosse limitada ao mínimo. Esta grave perturbação na cadeia de fornecimento de alimentação aos quartéis, na sequência do corte do fornecimento devido a dívidas acumuladas com fornecedores causou o adiamento do início de mais um curso na Escola Prática do Exército de Munguine, distrito de Manhiça, provincia de Maputo. Por outro lado, durante o reinado de Joaquim Mangrasse, Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), o descontentamento subiu no seio das forças que estão na linha da frente na luta contra o terrorismo no Teatro Operacional Norte, muitas vezes com queixas de falta de ração e traições que resultaram em baixas e quebra de moral combativa.
Duarte Sitoe
O Chefe de Estado, apoiando-se nas competências que lhe são conferidas pela alínea e), do artigo 160 da Constituição da República decidiu fazer mexidas nas Forças Armadas de Defesa de Moçambique exonerando Joaquim Rivas Mangrasse do cargo de Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM).
O sucessor de Joaquim Mangrasse já foi empossado. Trata-se de Júlio Jane, por sinal promovido por Daniel Chapo ao posto de General de Exército.
A dança de cadeiras no Estado-Maior-General (EMG) das Forças Armadas de Defesa de Moçambique acontece numa altura em o sector da defesa debate-se com problemas logísticos. Actualmente, o grosso dos quartéis não tem mantimentos e os militares que faziam a permanência foram dispensados para as suas casas e se apresentam apenas durante um tempo bastante limitado.
Os quartéis das FADM sempre foram locais de fartura ao ponto de alguns “chefes” se darem ao luxo de desvirem toneladas de produtos destinados aos militares, mas agora a situação deteriorou-se drasticamente. Em vez de três refeições por dia, os militares afectados nos quartéis só têm direito a uma e há casos em que só há pão simples com água e açúcar.
Este facto diminui a moral daqueles que juraram defender a soiberania nacional e a integridade territorial num contexto em que o País luta contra o terrorismo.
“No passado, no mínimo, tínhamos três refeições por dia. Agora só comemos uma vez por dia e na maioria das vezes é feijão e chima. Trabalhamos no quartel, mas somos obrigados a levar as nossas marmitas. Actualmente, a situação não é das melhores. Infelizmente não podemos fazer greve ou reivindicar, temos que nos contentar com essas condições. O que está a acontecer nos quartéis é do conhecimento do Ministério da Defesa Nacional. Eu estou afecto a um dos quartéis de Maputo, porém, já ouvi reclamações de colegas que estão noutras províncias e, sobretudo, em Cabo Delgado”, declarou um militar que preferiu não se identificar por temer represálias.
Num contexto em que o Governo destina anualmente balúrdios de dinheiro do Orçamento do Estado para a Defesa, a pretexto de combate ao terrorismo, outra fonte militar diz não ter dúvidas de que parte do orçamento que devia ser destinado à logística é desviado pelas chefias.
“Não é segredo para ninguém que o Ministerio da Defesa Nacional tem um orçamento chorudo devido à situação de terrorismo na província de Cabo Delgado. No entanto, não são os militares que se benefeciam do dinheiro que vem dos impostos dos moçambicanos. A ambição dos nossos dirigentes ultrapassa os limites, preferem ver militares a passar fome em Cabo Delgado enquanto enchem os seus bolsos. Desde o ano passado os quartéis enfrentam problemas logísticos. No início, disseram que era devido à transição de poder, mas, mesmo depois de o novo Governo tomar posse, continuamos a sofrer”, desabafou.
MDN adiou início do curso de formação básica militar em Munguine devido a problemas logísticos
Não são apenas os quartéis que se debatem com a falta de comida, as unidades militares presentes no Teatro Operacional Norte estão também com deficit de mantimentos. Esta situação, segundo fontes, deriva das dívidas avultadas que o Estado tem com fornecedores que decidiram fechar as torneiras enquanto não receberem os devidos pagamentos.
Devido a problemas de comida, algumas unidades militares no Teatro Operacional chegaram a ameaçar abandonar as suas posições o que, de certa forma, facilitaria a tarefa do inimigo.
Num contexto de guerra, o Ministério da Defesa continua empenhado em reforçar a capacidade operacional das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, daí que tinha o plano de iniciar, nos meados do corrente mês de Abril, mais um curso de formação básica militar na Escola Prática do Exército de Munguine, no distrito de Manhiça, província de Maputo.
No entanto, o arranque dos treinamemntos dos novos militares foi adiado no ano passado para uma data ainda por anunciar devido à falta de comida naquele quartel. Os novos instruendos foram informados para ficar em prontidão até novas ordens. Quem também está em casa são os instrutores que foram instruídos para se apresentarem periodicamente e por um período muito limitado.
“Estava preparado para iniciar o curso no dia 07 de Abril, mas recebemos ordens para permanecer em casa. Não sabemos quando é que o curso vai arrancar, só disseram que novas ordens serão dadas brevemente”, contou um jovem que se prepara para cumprir o serviço militar obrigatório.
Julio Jane, recém-empossado Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, herda um exército descontente e com problemas de comida, daí que terá que envidar esforços para recuperar o moral das tropas.

Facebook Comments