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Com os novos desenvolvimentos da política doméstica, era suposto que fosse restaurada a confiança na economia, que as empresas se sentissem a operar num ambiente seguro e, em consequência, os índices de emprego concorressem para um ligeiro aumento, principalmente se considerarmos os indicadores de auto-balanço do governo que, no seu percurso dos 100 dias de governação, ilustram um cenário de realização. Este é o retrato que se devia esperar depois que foram suspensas as manifestações que impunham incerteza e forçavam o abandono de investidores.
Nas últimas semanas, vimos o país retomar a estabilidade, o discurso político a mostrar uma certa maturidade nos dois lados e já tivemos aproximação das partes envolvidas para a pacificação com recurso ao diálogo. Portanto, estamos diante de eventos que concorrem para confiança, para estabilidade política e, em consequência, para a retoma da economia e com todos os seus efeitos. Há eventos, claro, como aqueles que questionam a efectividade da vontade dessa resolução pacífica de conflitos com recurso a diálogo num contexto em que atentados contra activistas políticos e outros desaparecidos em circunstâncias estranhas, mas são trocas de acusações e que não anulam o que as partes vêem afirmando em viva voz: a vontade de ultrapassar as diferenças sem sacrificar mais os moçambicanos.
O que a economia mostra diante destes cenários é que estes esforços não estão a ser suficientes para convencer os investidores. Por agora, para as empresas, o que se vislumbra é a necessidade de confiança de qualquer investidor no mercado e isso depende não apenas da normalização da ordem pública, mas também da confiança no futuro económico e político, ou seja, confiança nas políticas do Governo.
Prova disso é que há empresas que se mantêm no processo de desinvestimento, como se viu semana passada com OK Mobiliário que fechou as portas, e a Vulcan que está no processo de redução de mão-de-obra. Juntam-se estas às dezenas de empresas que mostram dificuldade de se erguer e não têm qualquer carinho do Executivo.
A menos de três dias para 100 dias, pouco foi feito e todas as acções resumem-se na pessoa do Chefe do Estado, ignorando-se a descentralização das actividades e as responsabilidades a nível sectorial. O que as pessoas precisam de ver é um Governo funcional, com maior credibilidade para firmar acordos comerciais, de segurança e com a devida receptividade do público. Um governo que facilite o acesso a dinheiro, que nos chame ao crescimento.
Tudo ser feito sem um triunfo forçado, como aquele de 100 por cento de realizações que as massas (nos 100 dias), os supostos beneficiários, desconhecem. Para conquista da confiança é necessário o realismo no autobalanço, pelo que qualquer fracasso não é mais sobre os fantasmas das manifestações, mas da ineficiência das políticas, ou seja, da incapacidade. E só é invertido o resultado, quando se reconhecem os erros.

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