Mozal, habituada a benefícios fiscais, ameaça parar operações devido ao custo de energia

DESTAQUE ECONOMIA SOCIEDADE
Share this

A Mozal, um dos primeiros megaprojectos de Moçambique, instalada em Beluluane, província de Maputo, anunciou que vai interromper, já este mês, o revestimento de potes de fundição de alumínio e os contratos com empreiteiros, devido ao impasse nas negociações sobre o novo preço de electricidade.

O anúncio foi feito pela multinacional australiana South32, líder do consórcio que opera a fundição, através de um comunicado assinado por Rob Jackson, vice-presidente de suprimentos. “Limitaremos o investimento na Mozal, interrompendo o trabalho de revestimento de potes e parando o trabalho dos empreiteiros associados”, refere a nota.

A empresa considera inviável a tarifa proposta para vigorar a partir de Março de 2026, no âmbito das negociações entre o Governo de Moçambique, a Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) e a empresa sul-africana Eskom. O actual contrato de fornecimento expira em Março de 2026, sendo que a Eskom fornece electricidade à Mozal quando a HCB não consegue satisfazer a totalidade da procura.

Segundo a South32, a nova tarifa “tornaria a Mozal internacionalmente não competitiva”. O cenário mais provável, admite, é que a fábrica opere até ao final do contrato e depois seja colocada em regime de cuidados e manutenção.

A multinacional alerta ainda que as actuais condições de seca têm potencial para afectar a produção da HCB e comprometer o fornecimento à fundição. Apesar das incertezas, a South32 diz manter “esperança numa solução viável” que permita à Mozal continuar a operar para além de Março de 2026, preservando a sua “contribuição substancial para Moçambique”.

Mozal foi um dos primeiros megaprojectos de Moçambique e beneficiou, durante anos, de um regime fiscal especial amplamente criticado por economistas e especialistas em políticas públicas. Essas condições tributárias, que reduziram drasticamente os ganhos directos para o país, garantiram à multinacional margens confortáveis e custos operacionais mitigados, criando uma relação de dependência de concessões generosas.

Promo������o
Share this

Facebook Comments