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A ANAMOLA realizou, esta terça-feira (19), em Maputo, a sua primeira sessão extraordinária da comissão executiva, destinada à definição do plano de actividades. O jornalista e analista político moçambicano, Salomão Moyana, que foi um dos convidados, considera que o registo oficial da Aliança Nacional para um Moçambique Livre e Autónomo (ANAMOLA), o novo partido político liderado por Venâncio Mondlane, marca o início de uma fase de maior tensão política no país. Segundo o analista político, a oficialização não irá travar as perseguições já visíveis contra membros e simpatizantes da nova força, mas, pelo contrário, pode intensificá-las.
Moyana destacou que, desde a RENAMO, “Moçambique não conhecia um movimento político tão vigoroso antes mesmo de nascer como este partido”. Para o analista, o regime já demonstra sinais de preocupação com a nova força, que começa a atrair simpatizantes em várias províncias.
“Este partido praticamente já tem gente em todo o país. Há pessoas já presas, baleadas, outras agredidas apenas por manifestarem apoio. Nunca o Estado moçambicano esteve tão militarizado contra uma ideia política como está agora”, afirmou Moyana.
O jornalista recordou episódios recentes, como a detenção de alguns jovens em Nampula, Cabo Delgado, por expressar apoio à ANAMOLA, sublinhando que tais acontecimentos são sinais de que “o embate político será cada vez mais duro”.
Na sua análise, Moyana entende que o novo partido representa uma ameaça na cena política, podendo polarizar as futuras eleições.
“Na minha óptica, os próximos pleitos estarão a ser disputados entre a FRELIMO e a ANAMOLA. Mas é preciso reconhecer que a FRELIMO tem todo o aparelho do Estado, enquanto a ANAMOLA ainda carece de estrutura física, quadros organizados e implantação territorial sólida”, alertou.
Para enfrentar os desafios, Moyana defende que o partido deve preparar-se para acolher a “avalanche de pessoas” que se espera aderirem, incluindo dissidentes de outras formações políticas, e organizar-se rapidamente nos distritos autárquicos, que serão palco das próximas disputas eleitorais.
Apesar de reconhecer os riscos, Moyana vê na ANAMOLA um fenómeno político que poderá reconfigurar o cenário nacional: “Com o registo oficial, não cessam as perseguições. Começam agora as perseguições”
A ANAMOLA surge num contexto de descontentamento com a actual oposição, em particular a RENAMO, e promete ser um dos protagonistas no xadrez político rumo às eleições autárquicas e gerais, segundo o líder do recém-movimento político.



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