Empresário moçambicano detido em operação internacional expõe rede transnacional de crime e branqueamento de capitais

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  • Círculo de Nampula volta a estar em evidências por branqueamento e tráfico de droga

Uma operação coordenada da Polícia Judiciária (PJ) em Lisboa, em cumprimento de um mandado internacional, emitido pelo nosso País, revelou os contornos de uma rede sofisticada de crime transnacional, envolvendo familiares, empresasfantasmas e transferências financeiras internacionais, cujo epicentro passa por Moçambique e se estende a países como Portugal, China, Japão, Emirados Árabes Unidos e Ilhas Maurícias.

Evidências/Público

O principal suspeito, um empresário moçambicano de 51 anos, procurado no País, é acusado de associação criminosa, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e abuso de confiança.

Investigações em Portugal descobriram que, entre 2019 e 2023, teria ordenado transferências de cerca de 140 milhões de dólares sob a alegação de importação de mercadorias que nunca foram efetivamente desalfandegadas em Moçambique. Documentos falsificados por despachantes aduaneiros foram enviados a bancos comerciais para justificar os fluxos financeiros, segundo a PJ.

O dinheiro seria supostamente destinado à importação de mercadorias que nunca passaram pelos trâmites aduaneiros em Moçambique. Para justificar as transferências, o empresário, com alegada colaboração de despachantes aduaneiros, falsificava documentos de desalfandegamento e enviava cópias a bancos comerciais.

Parte significativa do montante originava-se em transferências e depósitos em dinheiro feitos por familiares, alguns já detidos por tráfico de droga e branqueamento de capitais em Moçambique e nos Estados Unidos.

As empresas criadas pelo grupo tinham como função principal ocultar a verdadeira origem dos recursos, provenientes de actividades ilícitas, especialmente o tráfico de estupefacientes.

Segundo o portal Moz Leaks, nalguns sectores ligados aos corredores da secreta moçambicana associam  esta detenção, cujas autoridades portuguesas não revelaram o nome, a Gafur Ghulam Hassam, um empresário com a nomenclatura e os círculos de patrocínio a campanhas políticas, a muito suspeito de gestão de empresas-fantasmas e coordenação das transferências internacionais.

Gafur é irmão de Nuro Ghulam Hassam, detido nos Estados Unidos pelo FBI no âmbito de investigação internacional de crime organizado. Também esteve em Portugual e foi atraído para a terra do tio Sam num episódio que lembra um cenário tirado de um filme de espionagem, envolvendo a simulação de um negócio.

A investigação indica que cada empresa funcionava como fachada para movimentar fundos ilícitos, mascarando o dinheiro do tráfico de droga como “importações de mercadorias”. Alguns desses fundos foram enviados a bancos internacionais, criando camadas de complexidade que dificultavam a possibilidade de detecção dos intervenientes no processo.

Fontes ligadas à PJ, citadas pelo Público, revelam que as autoridades esperam novas detenções nos próximos dias, à medida que a cooperação internacional entre Portugal, Moçambique e organizações de combate ao crime transnacional se intensifica.

O detido em Lisboa já foi presente ao Tribunal da Relação, podendo enfrentar até 16 anos de prisão. Especialistas em crime organizado afirmam que a operação representa um avanço significativo na luta contra redes familiares transnacionais, tráfico de droga e branqueamento de capitais, destacando a necessidade de investigação coordenada entre diferentes jurisdições.

Gafur foi indicado como procurado e com mandado de captura internacional, no ano passado, no âmbito da operação Stop Branqueamento de Capitais, juntamente com outro seu irmão de nome Hussein Gulam. O pai, Gulam Hassam, chegou a ser detido por algumas horas para investigações.

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