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Salomão Moyana e Tomás Vieira Mário, jornalistas e analistas que dispensam apresentações a nível nacional e internacional, defendem que a introdução do voto electrónico pode colocar um ponto final nas fraudes eleitorais em Moçambique. No entanto, advertem que a curto e médio prazo não há vontade política para que o País possa digitalizar o processo eleitoral.
Para Tomás Vieira Mário, o sistema de votação online garante maior segurança, anonimato e agilidade, incluindo velocidade excepcional na contagem de votos e, consequentemente, no apuramento de resultados em tempo real.
Aliás, numa altura que se aponta que os Membros da Mesa de Assembleia de Votos são os principais responsáveis pela manipulação de resultados, Viera Mario garante o erro humano seria evitado e os resultados seriam divulgados em tempo recorde
“Outras vantagens do sistema electrónico são as seguintes, contagem e apuramento de votos mais rápidos, resultados mais precisos, pois o erro humano é excluído, maior conveniência para os eleitores, potencial de maior participação e afluência às urnas, especialmente com o uso da votação pela internet, mais adequado às necessidades de uma sociedade cada vez mais móvel, prevenção de fraudes e, durante a contagem e apuramento, resultados livres de intervenção humana, maior acessibilidade, segredo do voto, redução de votos nulos, já que os sistemas de votação podem alertar os eleitores sobre quaisquer votos inválidos, embora se reconheça o direito de quem queira votar por meio válido”, declarou Tomas Vieira Mário
No entanto, Vieira Mário, olhando para o exemplo de alguns países que introduziram o voto electrónico, adverte que a digitalização do processo eleitoral deve ser encarado como um assunto político de extrema importância.
“Isso oferece uma oportunidade para resolver alguns problemas eleitorais antigos, mas também introduz uma série de novas preocupações, como consequência, o voto eletrônico geralmente gera mais críticas e oposição e é mais contestado do que qualquer outra aplicação tecnológica. Em outras palavras, transformar o sistema de votação num sistema eletrônico deve ser encarado não como uma mera evolução tecnológica, mas como assunto político sensível e de grande importância no sentido de modernizar o processo”, rematou.
Por sua vez, Salomão Moyana, não obstante as inúmeras vantagens do voto electrónico, questionou que há entre os membros da CNE e partido políticos alguém que apoia a introdução do voto electrónico em Moçambique, uma vez que a digitalização do processo é um conjunto de urnas eletrônicas que permite ver o resultado em tempo real, ter maior acessibilidade, eficiência, eficácia e tudo.
Segundo Moyana, não há margem para discussões no tocante ao voto eletrônico, mas olhando para o caso de Moçambique aponta para o problema de custos.
“se o voto eletrônico for o voto eletrônico puro, como aquele que se faz no Brasil, tem uma desvantagem que é discutida, porque não permite auditoria ao processo. Existe o voto eletrônico com comprovante físico, isto é, para além da votação eletrônica, o eleitor, ao fazer o seu voto, imprime um comprovante físico do seu voto, que é depositado numa urna que vai lacrada. E que essa urna serve de backup em caso de haver dúvidas, de haver desconfiança do conteúdo do voto eletrônico puro.São debates a nível internacional. Agora, aqui temos um problema que o próprio Tomás de Oliveira Mário colocou. É o problema do custo”
Prosseguindo, o conceituado jornalista e igualmente membro da Comissão nacional de Eleições afirmou que não acredita que não haja vontade política para Moçambique possa digitalizar o processo eleitoral a curto e médio prazo.
“O que quero dizer é que, do ponto de vista econômico-financeiro, eu não estou a ver a curto e médio prazo a vontade política nacional de implementar este tipo de sistema. Porém, há uma coisa que penso que pode se implementar e que, para mim, é meu caminho entre a situação atual e o voto eletrônico, conforme estamos aqui a dizer. Não é o voto eletrônico o que eu estou a propor e que também é discutido a nível internacional na literatura sobre eleições”.

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