Arranque da exploração do gás: Nyusi promete omelete sem ovos

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  •         Consórcio da Área 4 sem DFI e com operações dependentes do complexo industrial de Afungi

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Apesar da pior incerteza que a indústria de Petróleo e Gás atravessa, o Governo e o partido no poder têm estado empenhados numa narrativa segundo a qual o ataque à vila de Palma e consequente abandono da Total não colocam em causa o projecto de exploração de gás natural na bacia do Rovuma. No entanto, em termos reais, se, por um lado, o arranque do projecto da Área 1, liderado pela petroquímica francesa, em 2024, que era o prazo mais optimista, já não será possível, por outro, prevê-se, por tabela, um atraso do projecto da Área 4, cujos principais investidores nem sequer avançaram com a Decisão Final de Investimento (DFI) e parte das suas operações offshore, neste caso, em alto mar, dependiam grandemente de algumas infra-estruturas em terra, que estão a ser construídas em estrita colaboração com a Total.

Reginaldo Tchambule

Animado pelo anúncio da chegada da Plataforma Flutuante do Coral Sul, ao cargo do consórcio da área 4, liderado pela italiana Eni e a norte-americana ExxonMobil, o Presidente da República, Filipe Nyusi lançou arreia nos olhos dos moçambicanos, ao anunciar, semana finda, durante uma cimeira de gás e petróleo, que o projecto da Área 4 poderá arrancar próximo ano, podendo vir a ser o primeiro a produzir gás natural liquefeito.

Contudo, mesmo no cenário mais optimista possível, é irrealista, segundo alguns especialistas do sector, pensar no arranque da exploração de gás em 2022, tendo em conta vários aspectos, com destaque para a falta de segurança para o decurso normal da construção de infra-estruturas logísticas em terra, que serão partilhadas entre os parceiros das áreas 1 e 4.

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