Anúncio de vencedores do financiamento às indústrias criativas termina em polémica

SOCIEDADE

Está aberta uma polémica no seio dos artistas e criadores moçambicanos. Em causa está a contestação da classe artística dos critérios que culminaram com a selecção dos cineastas Licínio Azevedo, Gabriel Mondlane Elísio Bajone e José Augusto Nhantumbo como primeiros autores que vão beneficiar do apoio financeiro do Instituto Nacional de Indústrias Culturais e Criativas (INIC), em representação do Governo.

Evidências

O anúncio foi feito, há dias, na Cidade de Maputo, pelo júri, na sequência de um trabalho filtrado iniciado em Novembro do ano passado, quando o Ministério da Cultura e Turismo lançou a primeira edição do concurso para apoio e financiamento à actividade audiovisual e cinematográfica.

Licínio Azevedo, com o projecto, Nhinguitimo e Gabriel Mondlane, com o projecto, Palma penosa, foram seleccionados na categoria de ficção, enquanto na categoria documentário, os projectos vencedores são intitulados, Marcas do terrorismo, de Elísio Bajone e Ungulani Ba Ka Khosa, de José Augusto Nhantumbo (Zegó).

Os seleccionados na categoria de filmes de ficção receberão, cada, 800 mil meticais para a produção e os produtores dos documentários, receberão 1.200.000 meticais cada, não estando claro qual é o período para a conclusão dos trabalhos

Na ocasião, Gabriel Mondlane destacou a sua emoção por poder finalmente tirar do papel à fita o seu projecto que há 10 anos vegeta nas gavetas. “Isso deixa-me emocionado, porque vou poder realizar o meu sonho. O projecto tem a ver com a pesquisa que fiz sobre a relação entre os mais novos e os mais velhos”, afirmou Gabriel Mondlane.

Entretanto, há uma nódoa no pano branco que está a dividir a classe artística. Amosse Mucavele, por muitos tido como discípulo do irreverente de Aurélio Furdela, foi quem desafiou o silêncio e decidiu colocar a boca no trombone, questionando os critérios do Júri.

É que, no seu entender houve um desrespeito ao regulamento do primeiro concurso para apoio e financiamento à actividade audiovisual e cinematográfica no país, ao se avaliar e seleccionar trabalhos de autores consagrados, quando o regulamento prevê que, no concurso, são elegíveis novos autores.

O comentário de Mucavele gelou o auditório e coube ao júri composto por Karl de Sousa, Ana Magaia, Djalma Lourenço e Fátima de Albuquerque tentar recuperar o pouco que sobrou do caldo deliberadamente entornado pelo ireverente Amosse Mucavele, que mesmo assim não ficou satisfeito.

 “Esse é um trabalho que deve ser feito antes de começar o próximo concurso, de modo que projectos de qualidade possam ganhar peso e a história possa ter um bom fio condutor. Isso está na proposta apresentada ao INIC”, defendeu o júri, concordando na sugestão de que parte do financiamento do concurso deve ser dirigida às novas obras e à formação dos novos autores.

 “Nas próximas edições, temos que ser mais cuidadosos à resposta dos jovens talentos. Nós também estamos preocupados que os jovens talentos apareçam”, reconheceu o júri, sem satisfazer a inquietação do poeta que se referia à presente edição.

Refira-se que o Artigo 3 do regulamento do concurso do INIC diz: “1. Este Regulamento aplica-se aos seguintes programas: a) Apoio aos novos talentos e primeiras obras”.

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