Projecto de ligações massivas e gratuitas já é uma realidade na província de Maputo

SOCIEDADE
  • EDM facilita procedimentos de acesso à energia eléctrica

Passavam das 10 horas quando, pela primeira vez, a família Mate teve acesso a energia da Electricidade de Moçambique. Quando as luzes foram ligadas a emoção tomou conta dos seis membros da família, que entoaram louvores em forma de agradecimento a esta iniciativa da EDM que visa minimizar o sofrimento dos residentes dos bairros em expansão em todo território nacional. O projecto da Electricidade de Moçambique, que pretende melhorar o serviço de atendimento ao cliente, almeja alcançar cerca de seis milhões de clientes nos próximos seis anos, sendo que o quarteirão quatro do bairro Muhalaze foi o pioneiro deste projecto ao nível da província de Maputo.

Duarte Sitoe

Reduzir o tempo de espera para uma nova ligação, encurtar etapas de contratação de clientes, aproximar aos clientes a EDM e diminuir reclamações dos clientes com contratos pendentes são alguns dos objectivos da Electricidade de Moçambique.

Segundo Francisco Inroga, administrador da Área Comercial, Distribuição e Informática da EDM, ao contrário do que acontecia no passado, com este projecto os potenciais clientes não precisam mais se dirigir às instalações da EDM para celebrar os contratos.

“Este processo visa a electrificação massiva e o que estamos a fazer é ir ao encontro do cliente para celebrar o contrato e fazer ligações, evitando que os clientes se dirijam às instalações da EDM. A EDM fará tudo no terreno, vai processar os contratos e trazê-los para os clientes. Tudo é feito no terreno, através dos dispositivos móveis”, declarou Inroga.

Graças a este projecto, salienta Inroga, a Electricidade de Moçambique alcançou cerca de 90% das ligações que havia previsto para o corrente ano.

“Estamos com cerca de 90% das ligações que havíamos previsto para este ano. Neste bairro, esperamos abranger cerca de duas mil famílias. Este projecto não está apenas a ser implementado neste bairro, mas sim em todo país. Esta iniciativa é suportada pelo Governo e vários parceiros. Esta fase vai custar cerca de 300 milhões dólares e vai terminar em Março, e depois vamos arrancar com outra fase, com cerca de 400 milhões de dólares até 2030”, sublinhou.

A ideia, segundo a fonte, é atingir cerca de 60% da electrificação do país nos próximos quatro anos, numa altura em que a empresa conseguiu apenas 30 por cento da electrificação.

“Este processo não visa só fazer ligações, mas também construir redes. A construção de redes leva o seu tempo e à medida que as redes vão se construindo vamos ganhando clientes. O projecto veio para ficar porque evita uma série de constrangimentos e evita enchentes neste período de Covid-19”, destaca.

Redução da burocracia

Por sua vez, Issufo Somar, director Comercial da EDM, adiantou que esta iniciativa veio reduzir as burocracias que os clientes enfrentavam para celebrar o contrato com a Electricidade de Moçambique.

“Antes, o contrato levava entre sete e quinze dias para ser celebrado, mas hoje, em três minutos foi celebrado em casa do cliente. A grande vantagem deste dispositivo móvel que estamos a usar é que primeiro reduzimos a burocracia, vamos a casa do cliente celebrar o contrato e no dia seguinte entregamos o contrato. Mais do que isso, o cliente pode comprar energia depois de uma hora de tempo”, avançou Somar.

Moçambique é um país em que a corrupção na função pública atingiu níveis alarmantes. Questionado sobre os possíveis actos de corrupção, o director comercial da EDM declarou que conta com o engajamento comunitário para combater este fenómeno nesta iniciativa.

“Esperamos ligar mais seis milhões de clientes em 10 anos, mas se falamos 10 anos deve haver um pouco de paciência para consigamos alcançar essa meta. Com este processo retiramos o nosso pessoal que estava no escritório para trabalhar no campo. As pessoas de Muhalaze e de outros bairros não precisam se deslocar à EDM. Temos canais próprios para que os clientes possam denunciar fraudes e subornos. Temos a linha de denúncia que é grátis e funciona 24 horas por dia”, aclarou.

Francisco Mate foi um dos primeiros beneficiários da iniciativa levada a cabo pela Electricidade de Moçambique e mostra-se satisfeito por poder finalmente ter acesso a energia, depois de três anos de espera.

“O nosso muito obrigado a EDM por este projecto. Temos geleiras e outros electrodomésticos, mas não usávamos por falta de energia. Agora que temos energia, podemos comprar alimentos em grandes quantidades, ao contrário do que acontecia no passado. Eu e a minha família não temos palavras para agradecer por esse enorme gesto”, sustenta.

Com um sorriso estampado no rosto estava também Margarida Matavele, quando foi abordada pelo Evidências. Com a chegada da energia da rede pública, Matavele já pensa em abraçar o empreendedorismo.  

“Por falta energia dormíamos cedo e não tínhamos acesso a informação. Agora já podemos assistir ao noticiário para saber o que acontece no país e no mundo. Foram muitos anos de espera, mas hoje finalmente chegou a energia. Agora já podemos pensar em fazer negócios porque já temos energia para congelar os produtos”, sublinhou.

Agostinho Ubisse não foi contemplado no primeiro dia pelo projecto, mas considera que a iniciativa do Governo veio abrir uma janela de esperança no seio dos residentes daquele bairro.

“Vivo neste bairro desde 2016 e confesso que não era fácil viver sem energia. Hoje, abriu-se uma nova página nas nossas vidas. Agora podemos assistir e fazer muitas coisas. Não fui contemplado nesta fase pioneira, mas há garantias que nos próximos dias terei energia em casa, sem pagar nenhum tostão e sem sair de casa”, sublinha.

Facebook Comments