“Criou-se uma falsa impressão de que o terrorismo em Cabo Delgado foi resolvido” – Dom Juliasse Sandramo

DESTAQUE SOCIEDADE

Com a chegada das tropas ruandesas e da Missão Militar da Africa Austral em Moçambique (SAMIM), as Forças de Defesa e Segurança conseguiram libertar algumas zonas que estavam nas mãos dos terroristas. Quando tudo indicava que a situação de terrorismo estava com dias contados, os insurgents voltaram a semear luto e terror nos ultimos dias. O Bispo da Diocese de Pemba, Antonio Juliasse Sandramo considera que se criou uma falsa impressão de que o problema do terrorismo em Cabo Delgado foi resolvido.

Em Abril do ano passado, depois de mais uma investida dos insurgentes, a multinacional francesa Total decidiu suspender as suas actividades na Bacia do Rovuma, tendo transferido os equipamentos que seriam usados no seu projecto de exploração de gás natural naquele ponto do país para as Ilhas Mayotte, e vincou que o barulho das máquinas só seria escutado assim que fossem acauteladas todas as questões de segurança.

Com a paralisação daquele que é considerado o maior investimento estrangeiro da história do continente africano, o Governo decidiu finalmente aceitar a entrada das tropas estrangeiras para ajudar as Forças de Defesa e Segurança a combaterem os grupos armados que desde Outubro de 2017 semeiam luto e terror na província de Cabo Delgado.

Sem consultar a Assembleia da República, o Presidente da República decidiu firmar um acordo de “carácter sigiloso” com o seu homólogo do Ruandesa para reforçar as FDS na guerra contra os terroristas. Apesar da forte contestacão dos partidos da oposicão (Renamo e MDM), as tropas ruandesas chegaram, viram e ajudaram as Forças de Defesa e Segurança a ganhar terreno na aluta contra o terrorismo.

Entretanto, quando parecia que a luta contra a insurgência armada tinha dias contados, os terroristas voltaram a perpetrar ataques nos últimos dias. Olhando para o cenário do presente, o Bispo da Diocese de Pemba alertou que não corresponde à verdade a narrativa da vitória antecipada das três forças que se encontram no Teatro Operacional Norte.

“Criou-se a impressão de que o problema em Cabo Delgado foi resolvido, mas isso não é verdade”, insistiu Dom Juliasse, numa entrevista concedida à Rádio Vaticano News.

Recorda-se que animado com o avanço das três forças que se encontram no Teatro Operacional Norte, o Governo aprovou, recentamente, através do Conselho de Ministros,  o Plano de Reconstrução de Cabo Delgado para o período 2021 – 2024 orçado em 300 milhões de dólares que para a sua efectivação depende da boa vontade dos parceiros.

De referir que, além de terem destruído várias infra-estruturas  públicas, os terroristas mataram mais de três mil pessoas  e fizeram mais de 800 mil deslocados

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