MADER aposta na Biotecnologia para aumento da produtividade  em Moçambique

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Moçambique aderiu, nesta quarta – feira, 23 de Março, ao Fórum Aberto de Biotecnologia Agrária (OFAB), uma plataforma institucional que opera no continente africano desde 2006, e que congrega cientistas e investigadores ligados à Biotecnologia. O facto foi tornado público pelo o vice-ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Olegário Banze, que destacou que a aposta na biotecnologia vai impulsionar o aumento da produtividade no país.

Texto: Duarte Sitoe

 Falando à margem da cerimónia de adesão e lançamento do OFAB, na capital moçambicana, Maputo, Olegário Banze destacou que daquela plataforma que congrega cientistas e investigadores ligados à Biotecnologia acontece numa altura em que opaís e a região Austral debatem-se com problemas climáticos.

Aliás, durante a sua intervenção instou os cientistas do sector privado para encontrar soluções com vista a minimizar os impactos das mudanças climáticas em Moçambique.

“A inclusão de Moçambique à iniciativa OFAB, tem como objectivo criar uma plataforma permanente e regular onde todos os intervenientes e interessados na área da Biotecnologia Agrária incluindo os consumidores, se encontram para discutir e propor formas para maior entendimento e promoção do uso das soluções tecnológicas e produtos gerados com recurso ao uso da biotecnologia em Moçambique, África e no mundo em geral”, declarou o vice – ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural para depois acrescentar que os produtores devem estar preparados com vista a se alcançar resultados positivos, ou seja, o aumento da produção;

“o encontro tem um potencial para impulsionar a agricultura e contribuir para o seu crescimento sustentável, aumentando a disponibilização de soluções tecnológicas como,  semente de boa qualidade, variedades com alto rendimento, formulações adequadas de fertilizantes, modelos de mecanização, recursos genéticos animais, vacinas, conhecimento técnico sobre diagnóstico, entre outros”.

Nas entrelinhas, ainda naquele evento contou com a presença de organizações que trabalham no sector, provenientes do Quénia, Zâmbia, Malawi e Zimbabwe, Olegário Banze adiantou que o Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural para além de contratar extensionistas tem levado a cabo formações para garantir assistência técnicas aos produtores do sector familiar no âmbito do Projecto Sustenta.

“O MADER tem a expectativa de ter extensionistas bem formados e informados sobre todas as opções tecnológicas existentes, suas vantagens para melhor transferir essas tecnologias para o sector familiar”.

Agricultores esperam aumentar a produção com o uso da biotecnologia

Se por um lado, na medicina a biotecnologia pode ser usada nos novos tratamentos do cancro. Por outro na agricultura, para além de melhorar os alimentos geneticamente, oferece aos agricultores colheitas mais resistentes e produtivas.

Para Jaquelino Martins, engenheiro agrônomo de 52 anos, residente no Distrito de Boane, a biotecnologia pode trazer grandes vantagens para os agricultores, uma vez que pode proteger as plantas e criar variedades mais produtivas com vista a resistirem as pragas e as mudanças climáticas.

“Uma semana produzida na base da tecnologia pode levar apenas dois anos contra os 10 observados nos métodos tradicionais. A biotecnologia tem suas vantagens e desvantagens. Contudo, há que destacar oferece aos agricultores Colheitas de maior rendimento e maior resistência o que, de certa forma, melhora as condições de vida dos agricultores, sobretudo, os do sector familiar”, disse Martins para adiantar avançar que a biotecnologia pode causar danos ao meio ambiente.

“É certo que onde há vantagens também há desvantagens. A biotecnologia permite uma produção em grande escala, mas em contrapartida não é amiga do meio ambiente, por isso, a necessidade de ter mais atenção ao usar a biotecnologia verde apesar de criar condições agrícolas mais sustentáveis”.

Rute Massango, viúva de 47 anos e mãe de quatro filho, depende exclusivamente da agricultura para sobreviver. Ao Evidências, Massango disse que nunca teve a oportunidade de usar a biotecnologia nas suas machambas, tendo referido que com a mesma podia mudar de vida.

“Quem vive exclusivamente da agricultura tem o sonho de produzir mais para aumentar a sua fonte de renda. Nos meus campos uso adubos e estrumes, mas consigo produzir o suficiente. Vejo que com mais condições podia triplicar as colheitas que tive nos últimos anos. Já ouvi falar da biotecnologia e espero um dia fazer o uso da mesma para aumentar a minha produção”.

Ernesto Cossa aventurou-se para África do Sul quando tinha 19 anos de idade e quis o destino que o primeiro emprego na terra do rand fosse numa empresa que produzia frutas para alimentar os grandes supermercados daquele país. Depois de cinco anos, Cossa decidiu voltar a terra que o viu nascer para empreender no ramo da agricultura.

“Felizmente já trabalhei como agricultor na África do Sul e ganhei experiência. Hoje tenho a minha própria machamba, mas nunca usei a tecnologia para aumentar a produção. Na África do Sul usam técnicas industriais para aumentar a produção. Ao meu ver o Governo tomou uma excelente decisão ao apostar na biotecnologia para aumentar a produção.  Nós ao nível do distrito de Boane estamos abertos para implementar inovações com vista a aumentar a nossa produção.

Importa a referir que o Fórum Aberto de Biotecnologia Agrária (OFAB) é uma iniciativa que visa acima de tudo, incentivar o desenvolvimento da agricultura no continente africano através da adopção da biotecnologia, perspectivando-se, assim na melhoria do quadro da qualidade da agricultura em África na sua cadeia de produção.

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