Matlombe escoltado pela PRM depois de queixar-se a Frelimo

SOCIEDADE

Não se mostra para breve o fim da agitação que se instalou na igreja Velha Apostólica em Moçambique. Depois de recorrer a polícia para garantir de forma ilegal a sua segurança, o apostolo Jaime Matlombe tem agora uma escolta policial a sua disposição. O destacamento da força policial para garantir a “segurança do apóstolo” surge em resposta a um pedido formulado pelo secretário da igreja, à 14ª esquadra da PRM, curiosamente, na mesma semana em que membros da direcção da igreja foram destacados para reunir-se com o Comité da Frelimo a nível da cidade de Maputo.

Evidências

No dia nove do mês em curso, o secretário-geral da igreja, Nicolau Mabunda, formulou um pedido à 14ª esquadra da PRM da cidade de Maputo, a pedir policiamento para um evento na paróquia de Laulane. Argumenta na carta que o policiamento é “para a cobertura do evento e tomada de medidas cautelares contra possíveis vândalos, insurgentes e desobedientes durante o decurso do evento”.

Um facto curioso é que, afinal, a escolta policial não era apenas para aquele dia (10), mas para escoltar de forma regular o apóstolo que tem enfrentado a fúria dos crentes que se mostram descontentes com a sua liderança.

Na mesma semana em que a polícia foi solicitada para garantir a segurança do apóstolo, membros da direcção da Igreja, próximos de Matlombe, reuniram-se com o Comité da Frelimo, a nível da cidade de Maputo, onde se queixaram e acusaram os crentes de serem da RENAMO e que as convulsões na sua igreja tem o fim de derrubar a FRELIMO.  Consta que terão solicitado apoio na mobilização da polícia para proteger o “amado” apóstolo que apoia regularmente campanhas do partido.

Coincidência ou não é que depois deste encontro que o secretariado solicitou escolta policial, foram destacados “Mahindras” e motos com várias unidades até de elite da PRM para garantir a segurança do apóstolo.

Antes de uma escolta formal, supostos “capangas” de Matlombe espancaram membros da congregação e foram surpreendidos na posse de arma ilegal. É o caso, por exemplo, registado na paróquia de Ndlavela, onde a agitação viria a terminar com detenção de perto de 20 “capangas” que, segundo relatos, foram contratados para garantir a segurança de Matlombe.

Dentre o grupo dos malfeitores estava o filho do secretário distrital apostólico de Maputo, membros da Polícia da República de Moçambique (PRM) e membros do Ministério da Defesa (MDN) que traziam consigo armas de fogo e diversos objetos contundentes.

Membros identificados, nomeadamente Arão Chuachaio, Francisco Langa, Francisco Matavele, Sipriano Macaime e Carlos Mafumissa, todos membros da Polícia da República de Moçambique, sempre garantiram a segurança de Matlombe usando meios do Estado sob a capa de protocolos.

O sentimento de insatisfação generalizado vem crescendo dentro da comunidade da igreja desde que foi despoletado o assunto da prática de adultério por parte do dirigente máximo da congregação, o apóstolo Jaime Matlombe. Maior zanga e total contestação dos crentes viu-se e continua a ver-se quando se soube que, afinal, a relação amorosa adúltera estava a ser mantida com uma irmã da igreja, esposa do subordinado de Jaime Matlombe, do ponto de vista de hierarquia e cargos de dirigismo espiritual na igreja.

Para os crentes, já isso era um “crime” máximo, para, de livre e espontânea vontade, Jaime Matlombe colocar o cargo à disposição e crucificar-se pedindo perdão à igreja. Era o mínimo que quase toda a congregação esperava.

“Ele tem de saber que existe um bem maior por preservar. A igreja. Mesmo que se coloque a hipótese de as denúncias não serem verdadeiras, apesar de sabermos que é tudo verdade, ele devia voluntariamente deixar o cargo para preservar o nome da igreja” – disse um dos crentes indignados, acrescentando que “mesmo na vida carnal, em casos do género, os acusados são suspensos dos cargos, para dar lugar a uma investigação imparcial”. 

Entretanto, dias depois, a congregação ficou simplesmente estupefacta quando começou a perceber que, afinal, muito longe disso, o apóstolo Jaime Matlombe tinha começado a investir forte na identificação, perseguição e ameaça contra irmãos que tinham assumido as rédeas de organizar um expediente que devesse culminar com o pedido formal da sua destituição. Aliás, este processo, organizado por irmãos da igreja, teve de ser iniciado porque a nível do que se chama “direcção da igreja” ninguém mugia ou tugia. Todos estavam em silêncio, numa postura que parecia estar a normalizar o mais ignóbil pecado no mundo religioso.

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