- Autarca sugere a ilegalização do partido no poder
- Para De Araújo, Lutero Simango está a fazer política de quarto
Numa análise nua e crua do estágio da democracia no país, em que praticamente atirou para todas as direcções, o presidente do Conselho Autárquico de Quelimane e membro sénior da Renamo, Manuel de Araújo, acusou, semana finda, a Frelimo de tudo fazer para que os partidos da oposição continuem divididos, de forma a continuar no poder mesmo sem legitimidade.
Jossias Sixpence – Beira
Falando a jornalistas na Beira, província de Sofala, onde esteve, semana finda, para participar das celebrações dos quatro anos do desaparecimento físico do místico líder da Renamo, Afonso Dhlakama, De Araújo denunciou o que chamou de investimento do partido Frelimo para que os partidos políticos da oposição continuem em divergências.
“A Frelimo tem feito de tudo para que a oposição continue dividida. Investem em intrigas e divergências, mas os líderes da oposição ainda não se aperceberam que isto é uma estratégia para ganharem tempo e retardar o desejo do povo de ser governado por aqueles a quem ele votou”, disse De Araujo.
Num discurso que não olha somente para fora, mas também para dentro, De Araújo reconheceu que a democracia em Moçambique está cada vez mais ameaçada e criticou a liderança dos partidos políticos, incluindo a Renamo, por não estarem a promover debate interno.
“Para garantir que possamos implementar a democracia, precisamos ter democratas, e infelizmente em Moçambique não temos. Os líderes querem implementar a democracia sem nunca terem aprendido antes”, disse a fonte.
Prosseguindo, o mano Mané, como é carinhosamente chamado, sobretudo lá para as bandas dos bons sinais, defendeu que a Frelimo devia ser ilegalizada enquanto partido político, por estar a promover um comportamento antidemocrático, incluindo internamente.
“Numa das visitas que o secretário-geral da Frelimo, Roque Silva, efectuou na província da Zambézia, num dos seus discursos bastante contestado no seio do partido que dirige, alegou que ninguém deve querer concorrer a qualquer cargo no partido, mas sim o partido tem que querer. Quer dizer, num país normal e no estado de direito democrático já podia se ilegalizar a Frelimo. A PGR já devia ter instituído um processo para verificar a legalidade e a democraticidade dentro do partido Frelimo”, sugeriu Araujo.
Para sustentar a sua ideia, De Araújo lembrou a febre das candidaturas únicas nos órgãos sociais do partido no poder, tal como se viu nos Conselhos Nacionais da OMM e ACLIN, esperando-se que também aconteça na OJM. Aliás, chega a afirmar que a Frelimo está a decalcar o modelo de vitórias à moda Correia de Norte.
Araújo acusa Lutero Simango de estar a fazer política de quarto
Desde a eleição de Lutero simango como presidente do MDM, várias críticas têm sido feitas publicamente, muitas delas destacando a sua apatia e fraca intervenção em vários momentos da vida do país, o que o coloca solas abaixo do nível de carisma de que o seu falecido irmão, Daviz Simango, granjeava.
De Araújo, que já foi membro do MDM, partido que o levou à liderança da cidade de Quelimane em 2013, diz que esperava muito mais do Lutero Simango, dando a entender que desde a sua eleição não tem estado a fazer muito para granjear a simpatia dos moçambicanos, numa situação que o país se encontra mergulhado em crises e vários problemas.
“Esperava muito mais do presidente do MDM. Desde que ele foi eleito ainda não vi uma grande entrevista. Houve ciclone Gombe, nem sequer vimos a sua aparição. Quer dizer, este líder nem sequer deu a sua cara para solidarizar-se com a população afectada, contrariando a aparição notável do antigo presidente Daviz Simango no IDAI, a política não deve ser feita no quarto”, criticou De Araujo.
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