Guebuza questiona “imposições” ocidentais

DESTAQUE POLÍTICA

O antigo Presidente da República, Armando Guebuza, tem mostrado um retorno tímido ao debate sobre desafios candentes à actualidade do País.

Fiel as convicções de um nacionalista, Guebuza tem, no seu discurso, exposto uma nação vulgarizada, a ponto de apelar que o “povo tem que não perder a sua identidade”, quando foi interpelado por jornalistas para reagir sobre os erros nos manuais da educação.

É uma afirmação que, quando isolada, expressa alguma ambiguidade e abre espaço para várias interpretações, mas é coerente as várias intervenções que tem feito, como quando referiu que “isso mostra o quanto estamos mal”, disse há dias ao comentar sobre as cheias em Maputo.

Na mais recente intervenção, o antigo Chefe do Estado mostra-se indignado com a narrativa de que a causa de insurgência é a desigualdade sócio-económica, assumindo, no entanto, implicitamente, a sua influência. A sua posição chega a ser entendida como uma crítica aos académicos que reproduzem, no seu entender, o pensamento ocidental.

No vídeo que foi partilhado em vários perfis das redes sociais e grupos, ele diz que “o ocidente joga em demasiado com o problema económico nosso. Infelizmente, a nossa intelectualidade desaparece quando um ocidental fala, quando diz que em Cabo Delgado, o problema que existe é pobreza, é emprego para juventude, por isso faz guerra. Isso tem lógica? Não existe pobreza aqui em Maputo? Até desemprego? Não existe na Beira? Porquê Cabo Delgado? Depois dizem, é porque não há distribuição da riqueza … (riso irónico)”.

Finaliza que a “a riqueza, o gás, está no fundo do mar, ainda não saiu. Mas a nossa intelectualidade acredita e reproduz … tem que aprender a ser moçambicano”. Em reposta sobre a relação das condições sócios económicas, disse que “penso que não seja causa. A causa é a coisa que não existindo, não acontece”.

A intervenção do antigo Chefe do Estado, coincide com o momento em que vários membros da Frelimo têm evitado comentários sobre os desafios do quotidiano, não por tolerância, mas “medo”, com excepção de Graça Machel, o que indicia o afunilamento da liberdade dentro do partido.

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