Rescaldo da reunião em Panamá: Moçambique alarga parcerias no Conselho Global de Pesquisa

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Uma delegação moçambicana, liderada pela Directora do Fundo Nacional de Investigação (FNI), Vitória Langa de Jesus, participou, recentemente, na 10ª reunião anual do GRC, sigla inglesa do Conselho Global de Pesquisa, que teve lugar no Panamá, capital do país com o mesmo nome. No evento, Moçambique reforçou e estabeleceu parcerias com vários países e agendou acções conjuntas com instituições congéneres em países da Europa, Ásia, Américas e África com vista ao desenvolvimento da investigação científica e tecnologia no país. “A entrada do FNI no GRC tem sido uma das janelas mais importante, não só no âmbito dos pesquisadores, mas para o próprio FNI em matéria de gestão transparente dos processos de pesquisa”, destaca Vitória Langa.

A 10ª reunião do Conselho Global de Pesquisa, que envolve mais de 92 instituições de 79 países, foi organizada pela Secretaria Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação de Panamá (designada SENACYT0) e pela National Science Foundation (NFS) dos Estados Unidos e decorreu durante de 30 de Maio a 3 de Junho corrente.

Foi debruçando sobre estabelecimento de grupo de trabalho de ciência e tecnologia que a delegação moçambicana mostrou ser necessário empreender esforços para acrescer de forma incisiva, vibrante, diversa e engajada um grupo de trabalho focado no STEM (acrónimo inglesa de Science Technology Engineering and Mathematics Job Description, órgão que representa um sistema de aprendizado científico, o qual agrupa disciplinas educacionais em “ciência, tecnologia, engenharia e matemática) para maior acção dos mesmos, com vista a proporcionar melhores habilidades para o ecossistema a nível nacional e global para o desenvolvimento da economia dos países.

Os participantes abordaram ainda a necessidade de promoção, pelos Conselhos de Financiamento à ciência, de uma abordagem transformativa, inovadora e criativa de apropriação, uso de tecnologias e conhecimentos originários do STEM, para o ensino e aprendizado com vista a melhoria do STEM na educação.

Apontou-se ainda que os Conselhos de Financiamento à ciência devem desenvolver plataformas ou modelos de suporte e interação, mobilidade, transferência técnica e profissional a nível nacional e global nas várias áreas do STEM entre sectores, e em diversos níveis de actuação.

Por outro lado, referiu-se à necessidade dos Conselhos de Financiamento à ciência obter e ou consolidar mecanismos de financiamento a multidisciplinaridade e equipas internacionais para a catalisação de descobertas científicas e inovadoras.

Ainda na discussão sobre a visão e percurso do GRC nos próximos 10 anos, versando sobre as linhas de actuação, Moçambique, através do FNI, foi representado por Vitoria Langa de Jesus, que reforçou a expectativa de Moçambique e de África na fase subsequente.

Neste contexto, foram emanadas várias recomendações, como a pertinência da existência de um mecanismo de monitoria dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos pelos diversos parceiros e serem sistematizados (por uma plataforma) de forma a se elaborar uma resposta comum aos desafios apresentados; melhorar a advocacia nos países membros, através do suporte e desenvolvimento de acções crescentes de impacto na região da pesquisa (adopção dos princípios estatuários endossados durante os eventos realizados) e a necessidade de maior intervenção ao nível da elaboração de políticas de condução das sociedades, para que em qualquer iniciativa se encontre a chamada do GRC, como uma organização que trabalha com a gestão da pesquisa.

Alargamento de parcerias

Sublinhar que a delegação nacional, através do FNI, empreendeu encontros paralelos, tal é caso da DFG (Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa) da Alemanha, onde discutiu-se a possível chamada conjunta em tecnologia para agricultura sustentável e outras áreas de interesse já definidas com aquele país.

Com o Brasil, o FNI estabeleceu contacto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), visando reactivar o evento científico conjunto, adiado devido a pandemia da Covid-19, estando em agenda a definição de três áreas de interesse comum.

Com a vizinha África do Sul, através da NRF, o FNI discutiu a necessidade de actualizar o memorando de entendimento, permitindo o acesso do FNI às oportunidades disponíveis pela África do Sul.

A delegação moçambicana, que além da directora executiva do FNI, integrava outros quadros desta instituição pública vocacionada ao financiamento da investigação, nomeadamente a chefe do Serviço de Projectos, Dirce Madeira, e chefe do Departamento de Administração e Recursos Humanos, Edson Faria, estabeleceu passos e compromissos para uma parceria com instituições de investigação científica de vários quadrantes do mundo, como Áustria, Japão, Nova Zelândia, Reino Unido, Estados Unidos da América e França, e já existem programas em manga.

Próxima reunião anual

Ainda nesta reunião realizada no Panamá, partilhou-se os temas que poderão nortear a próxima reunião anual do GRC, tais como a responsabilidade e oportunidade dos Conselhos de Financiamento incorporarem o tema das mudanças climáticas como acção global para um resultado aprimorado e inovação no reconhecimento e premiação dos cientistas.

A próxima reunião agendada para 29 de Maio a 3 de Junho de 2023, está prevista a realizar-se na Holanda, com apoio do Brasil e, ainda, endossou-se a organização da reunião de 2024 para a Suíça e a Costa de Marfim.

O progresso do GRC foi assinalado pelos participantes nesta 10ª reunião, e o organismo augura ser considerado um recurso útil para os participantes e instituições que desejam construir e sustentar a pesquisa e inovação de classe mundial e que o mesmo seja reconhecido como o principal fórum de chefes de conselhos de pesquisa em todo o mundo.

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