Moçambique quer maior interação entre a comunidade científica

SOCIEDADE
  • Conselho Global de Pesquisa discute desafios

A directora do Fundo Nacional de Investigação, Vitória Langa de Jesus, defendeu, no decurso do Conselho Global de Pesquisa (GRC, sigla inglesa), em Panamá, uma maior interação da comunidade científica, de modo a se ultrapassar as barreiras de natureza financeira que limitam as acções dos investigadores.

Evidências

Moçambique não está isolado. Á margem do acervo académico que ilustra a riqueza do país quando o tema está relacionado a investigação, os pesquisadores, através do Fundo Nacional de Investigação (FNI) como membro do GRC, entraram para uma nova plataforma de interação com outras comunidades no que concerne ao desenvolvimento de trabalhos de pesquisa conjunta e sua exposição ao mundo da ciência e podem aceder as chamadas, não só do FNI, mas de outras instituições internacionais de financiamento.

É neste quadro que, de acordo com a directora do FNI, o país tem vários projectos que foram e estão sendo desenvolvidos com vários países como Malawi, África do Sul, Alemanha, Zâmbia, seja a título de acordo bilateral, trilateral ou multilateral.

“O FNI assinou vários memorandos com diversos países com os quais tem em carteira um leque de acções de colaboração para o desenvolvimento da pesquisa e sua gestão adequada. A plataforma de interação que é proporcionada nas reuniões do GRC parece um simples espaço de conversa, mas é, na verdade, um verdadeiro laboratório de concepção de laços de trabalho entre os membros do GRC”, afirma Vitória Langa.

A entrada do FNI no GRC tem sido uma das janelas mais importante, não só no âmbito dos pesquisadores, mas para o próprio FNI em matéria de gestão transparente dos processos de pesquisa; os quadros do FNI têm se beneficiado de vários treinamentos existentes em diversos países que integram o GRC, dando uma exposição, estabelecimento de contactos e apreensão de informação existente nas instituições congéneres.

“A interação não deve ser vista só no que diz respeito às agências de financiamento, mas inclui a necessidade de levar toda a comunidade científica a ser parte do GRC. Uma das práticas é a promoção das reuniões regionais que permitem uma análise mais aprofundada das questões dos países de cada região”, defendeu a representante do país em Panamá.

Mas essa interação pode ser melhorada. “A interação não deve ser vista só no que diz respeito às agências de financiamento, mas inclui a necessidade de toda a comunidade científica ser parte do GRC. Uma das práticas é a promoção das reuniões regionais que permite uma análise mais aprofundada das questões dos países de cada região, e posteriormente serem endossadas ao GRC”, defendeu ela.

Langa proferiu esse discurso na 10ª reunião do Conselho Global de Pesquisa, que juntou mais de 92 instituições de 79 países, e foi organizada pela Secretaria Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação de Panamá (designada SENACYT0) e pela National Science Foundation (NFS) dos Estados Unidos de América.

A reunião que decorreu entre os dia 30 de Maio a 3 de Junho corrente debruçou sobre estabelecimento de grupo de trabalho de ciência e tecnologia que a delegação moçambicana mostrou ser necessário empreender esforços para acrescer de forma incisiva, vibrante, diversa e engajada um grupo de trabalho focado no STEM (acrónimo inglesa de Science Technology Engineering and Mathematics Job Description, órgão que representa um sistema de aprendizado científico, o qual agrupa disciplinas educacionais em “ciência, tecnologia, engenharia e matemática) para maior acção dos mesmos, com vista a proporcionar melhores habilidades para o ecossistema a nível nacional e global para o desenvolvimento da economia dos países.

Os participantes abordaram ainda a necessidade de promoção, pelos Conselhos de Financiamento à ciência, de uma abordagem transformativa, inovadora e criativa de apropriação, uso de tecnologias e conhecimentos originários do STEM para o ensino e aprendizado, com vista a melhoria do STEM na educação.

Apontou-se ainda que os Conselhos de Financiamento à ciência devem desenvolver plataformas ou modelos de suporte e interação, mobilidade, transferência técnica e profissional a nível nacional e global nas várias áreas do STEM entre sectores, e em diversos níveis de actuação.

Por outro lado, referiu-se à necessidade dos Conselhos de Financiamento à ciência obter e ou consolidar mecanismos de financiamento a multidisciplinaridade e equipas internacionais para a catalisação de descobertas científicas e inovadoras.

Ainda na discussão sobre a visão e percurso do GRC nos próximos 10 anos, versando sobre as linhas de actuação, Moçambique, através do FNI, foi representado por Vitória Langa de Jesus, que reforçou a expectativa de Moçambique e de África na fase subsequente.

Neste contexto, foram emanadas várias recomendações, como a pertinência da existência de um mecanismo de monitoria dos trabalhos que estão sendo desenvolvidos pelos diversos parceiros e serem sistematizados (por uma plataforma) de forma a se elaborar uma resposta comum aos desafios apresentados; melhorar a advocacia nos países membros, através do suporte e desenvolvimento de acções crescentes de impacto na região da pesquisa (adopção dos princípios estatuários endossados durante os eventos realizados) e a necessidade de maior intervenção ao nível da elaboração de políticas de condução das sociedades, para que em qualquer iniciativa se encontre a chamada do GRC, como uma organização que trabalha com a gestão da pesquisa.

Alargamento de parcerias

Sublinhar que a delegação nacional, através do FNI, empreendeu encontros paralelos, tal é o caso da DFG (Sociedade Alemã de Amparo à Pesquisa) da Alemanha, onde discutiu-se a possível chamada conjunta em tecnologia para agricultura sustentável e outras áreas de interesse já definidas com aquele país.

Com o Brasil, o FNI estabeleceu contacto com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), visando reactivar o evento científico conjunto, adiado devido a pandemia da Covid-19, estando em agenda a definição de três áreas de interesse comum.

Com a vizinha África do Sul, através da NRF, o FNI discutiu a necessidade de actualizar o memorando de entendimento, permitindo o acesso do FNI às oportunidades disponíveis pela África do Sul.

A delegação moçambicana, que além da directora executiva do FNI integrava outros quadros desta instituição pública vocacionada ao financiamento da investigação, nomeadamente a chefe do Serviço de Projectos, Dirce Madeira, e chefe do Departamento de Administração e Recursos Humanos, Edson Faria, estabeleceu passos e compromissos para uma parceria com instituições de investigação científica de vários quadrantes do mundo, como Áustria, Japão, Nova Zelândia, Reino Unido, Estados Unidos da América e França, e já existem programas em manga.

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