Afonso Almeida Brandão
Fica sempre bem usar um estrangeirismo para definir uma modalidade universal. E o “teasing” não tem tradução possível em português, a não ser uma expressão de péssima verbe, que não ouso aqui revelar. Algo muito próximo do “parece que é, mas não é”. Isto é o “teasing”. O “teasing” é aquela mulher que passa a noite inteira a dizer que faz e acontece e, no final da mesma, deixa-nos invariavelmente sozinhos na mesa, a pedir mais um whisky com gelo, se faz favor, que já é tarde. O “teasing” é o sonho eternamente adiado, mas só para quem é vítima deste método. Porque para quem o pratica não é um sonho, é apenas uma táctica de obter o que se quer, à custa da ingenuidade dos outros. O “teasing” parece, mas não é.
O “teasing” pisca o olho, usa mini-saia, diz “era bom estarmos sozinhos” enquanto nos passa a mão pela perna. E continua por ali abaixo. E insinua, mas não faz. Daí que quem o faz não pode ser qualquer um. Só faz “teasing” quem o sabe fazer bem, quem parece que irá fazer mais, mas — e aqui é que está — não faz. O “teasing” promete, vive da Eterna Glória. É uma promoção de um filme de cinema que só escolhe as melhores partes e, quando vamos ver o filme todo, percebemos que não havia mais nada do que aquilo. O “teasing” promete ser assim o filme todo, mas, na verdade, não demora mais do que um minuto. Era só aquilo. Muito pouco, quando parecia tanto. E contudo, leva muita gente ao cinema. E ainda assim, engana todos à sua volta, que acreditaram que aquilo podia ser muito mais do que apresentava. Mas não. Era só o que apresentava.
Há pessoas que se escudam no “teasing” porque tiveram um minuto de Fama e, posto isto, vivem à custa dela, fechando-se em casa, não abrindo a boca, escudando-se numa glória que sabemos ser justa, na esperança de que esta não passe, que dure até se perceber que é um embuste. Daí que alguns profissionais do “teasing” não façam mais nada a não ser isso. Vão dizendo que fazem e acontece e que não estão para perder tempo com indivíduos menores, porque sabem — aqui entre nós QUE NINGUÉM NOS OUVE — que na sua próxima aparição deixarão de poder viver à custa disso.
E há quem adie tudo isto, até perceber que as imagens a que se referem — o tal Glorioso Momento — seja já a preto e branco. Que estão gastas, tal e qual uma camisa preta de gola alta esbranquiçada. Que foram ultrapassados por aqueles que, não tendo sorte de alguma vez terem tido aquele minuto de glória, trabalharam sempre na tentativa de o obterem. E nunca tendo ainda assim os supera. Quem faz “teasing” é calão, copia nos testes e vai passando. Até ao dia em que lhe aparece uma prova global, em que o isolam de todas as mesas, em que tem de provar que todas as outras notas não foram por engano nem obtidas por “golpes de sorte”.
Nesse dia, quem faz “teasing” é ultrapassado por quem nunca o fez. Por último, importa referir, aqui e agora, a quantidade de “escribas” (ou de pseudo-escribas!) da nossa praça que continuam a confundir “teasing” e “sensacionalismo gratuito” com jornalismo sério e profissional, convencidos que são as «grandes estrelas literárias cá do burgo» quando, afinal de contas, não passam de “pobres jornalistas e de alguns (poucos) escritores”, ainda por cima cabotinos e incompetentes, sem saberem onde “cair mortos” (como é o caso do flagrante Poeta e jornalista (?) Nelson Saúte — o convencido «Camões Moçambicano» das nossas lides literárias, jornalísticas e intelectuais…
Os exemplos são mais do que muitos. Basta seleccionar os casos mais “badalados” que vieram a lume nos últimos 30 anos, e de (mais) uns tantos casos que recusamos revelar, para evitar “dores de cabeça” aos nossos “intelectuais de aviário”…
A verdade é que os (ditos) jornalistas Moçambicanos, na sua maioria, confundem SENSACIONALISMO com VERDADE e CRIAÇÃO com MEDIOCRIDADE.
São, inclusivamente, pessoas mal preparadas e que não estão minimamente habilitadas para exercer a profissão que abraçaram — «porque não têm bases sólidas nem formação profissional adequada, logo, “escribas” limitados e mauzinhos, o que não deixa de ser confrangedor e lamentável» — desabafavam, assim, os Meus Queridos e Saudosos Colegas, Calane da Silva e José Craveirinha.
Enfim, são “eles” (também!) os verdadeiros “teasing” que temos de irradiar do Jornalismo Moçambicano a bem de uma Comunicação Social séria e credível, de uma Classe que se quer cada vez mais Honrada e Digna — defendiam Calane da Silva e José Craveirinha, à época.
É sabido por todos que não existe, até a data, uma Carteira Profissional de Jornalista porque o pobre e desgraçado Sindicato dos Jornalista, em Maputo, há muito se encontra adormecido e moribundo, pois a verdade é que NUNCA FUNCIONOU, não obstante os esforços que foram feitos pelos saudosos colegas Albino Magaia, Hilário Matusse, Heliodoro Baptista, Augusto de Carvalho e por Mim próprio em 1995.
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