A situação precária do povo moçambicano

OPINIÃO

Afonso Almeida Brandão

Quem escreve corre um risco muito maior do que o alcance da sua escrita. Corre o risco presente da exposição, do ridículo, da devassa, dos julgamentos em praça pública, dos insultos e das ameaças. Mas corre, também, o risco Futuro do seu Passado que passa a constar dos arquivos, das redes sociais e que fica apenas ao alcance de uma pesquisa no Google, para que possa ser julgado, lido, distorcido e qualificado a bel-prazer de quem julga.

Todos têm direito a mudar de mulher, de homem, de clube, de partido e de opinião, menos os jornalistas e os escritores. Se hoje, num determinado contexto e com os elementos de que disponho, tomo uma posição, a mesma será usada para me qualificar para todo o sempre, não me sendo permitida qualquer contextualização histórica ou social e, menos ainda, o direito de evoluir. Apenas o dever de me penitenciar e oferecer as costas às merecidas chibatadas.

Daí que a Prudência e o Bom Senso aconselhe a não nos expormos e fazermos artigos de opinião redondos, que não passem de verbos de encher, de lana caprina ou mesmo de “escribas de Aviário”,a fim de não hipotecarmos o nosso Futuro, como fazem, aliás, a maioria dos cronistas moçambicanos dos mais diversos órgãos de Imprensa — e da moda —, mantendo-se na roda como “hamsters”, como é o caso de nomes bem conhecidos da nossa praça, com destaque particular para Gustavo Mavie, Francisco Rodolfo, Rui de Carvalho e Artur Ricardo— respectivamente, Directores do Semanário PÚBLICO e do DIÁRIO DE MOÇAMBIQUE.

Isto apenas para referir quatro exemplos flagrantes que fazem parte de um leque mais alargado que assinam algumas colunas de Opinião e Editoriais de alguns dos nossos Órgãos de Comunicação Social. Numa palavra: é de bradar aos céus!

Contudo, há imperativos morais e de carácter que, de quando a quando, nos impelem a escrever, mesmo sabendo que os temas são sensíveis e que a nossa opinião vai contra o “status quo” da (?) polícia de valores que actua sob “a capa do politicamente correcto”.

Há coisas que não podemos calar: por nós, pelos nossos Leitores,pelos nossos filhos e pelas Gerações Vindouras. Não ceder ao Conformismo, por Comodidade Individual, não é um acto de Coragem.

É, antes, a garantia de Defesa da Democracia, Pluralista de opiniões e respeitadora das nossas divergências, num exercício perigoso, mas cada vez mais necessário, em vez de fazer parte daVOZ DO DONO ao serviço de interesses de Poder há tempo demais no “poleiro” dos Destinos da Nação Moçambicana.

Todos sabemos que, em Moçambique — e ressalvadas raríssimas excepções —, todos os Jornalistas, Escritores, Poetas, Músicos, Pintores, Escultores ou Cronistas, em regime de “free lancer”, têm de aguentar sérias dificuldades e “chupar pau” para sobreviver.

E, infelizmente, essa obrigação estende-se a outros sectores. As dificuldades da maioria dos jornalistas moçambicanos que atravessam no nosso País, encontra-se na sua vida profissional e não será, seguramente, em função do seu Género ou Inclinação, em termos de Opção, mas da profissão que escolheram, cujos vencimentos ou simples renumerações constituem, por si só, uma confrangedora Realidade e uma “tristeza franciscana”…

É pena que este tipo de casos aconteçam entre nós, pois a Verdade é que temos excelentes Médicos, Advogados, Professores, Políticos (uma minoria, verdade seja dita!), Escritores, Poetas, Artistas-Plásticos, Empresários sérios, Jornalistas Competentes e Cronistas a exercer as suas profissões e a escreverem ingloriamente — e sem qualquer Esperança por um Futuro que se vislumbre no Horizonte, a Curto Prazo, para alterar este estado de situações inaceitáveis. Até quando?

Estas REGRAS que abrangem (ou deviam abranger!) qualquer Trabalhador Moçambicano, independente da sua área de actividade profissional, não passam, afinal, de um Sonho Adiado.

Desejamos que o Futuro do Povo Moçambicano seja Risonho Para Todos e que o Limiar da Pobreza que atinge actualmente mais de 80% da nossa População, desapareça definitivamente da nossa Sociedade!

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