- Chichava desconfia dos interesses daqueles que dirigem o País
- “Não nos admiremos se esse processo for bastante contestado e levar a situações de violência”
A Frelimo pretende vencer em todos os municípios nas próximas eleições autárquicas, a olhar para o que parece ser um amplo esquema para viciar o processo de recenseamento eleitoral. Os partidos da oposição já vieram a público denunciar esquemas de impressão de cartões de eleitores na calada da noite, recenseamento por listas, entre outras irregularidades. Para Sérgio Chichava, pesquisador do Instituto dos Estudos Sociais e Económicos, as irregularidades no processo eleitoral mostram que “há interesses que não tem nenhuma vontade de garantir que os processos eleitorais em Moçambique sejam genuínos e que reflictam a vontade do povo” e desconfia que “parece que não há vontade genuína dos que dirigem o País para que Moçambique viva numa situação de paz.
O processo de recenseamento eleitoral está a ser marcado por grande controversa, devido a vários esquemas de viciação do recenseamento eleitoral em curso, aparentemente visando beneficiar o partido no poder nas eleições autárquicas que terão lugar a 11 Outubro do ano em curso.
O director do Instituto dos Estudos Sociais e Económicos, Sérgio Chichava, que na semana passada hospedou uma reflexão em torno da descentralização, mostrou-se preocupado com os ilícitos eleitorais que estão a ser registados no processo de recenseamento eleitoral que servem de antecâmara para as próximas eleições autárquicas.
Olhando para histórico das eleições em Moçambique, o pesquisador não consegue encontrar razões para justificar as irregularidades que estão a ser registadas um pouco por todo País.
“Não se compreende como é hoje estamos a ter este tipo de dificuldade básicas. ´Não é a primeira experiência que o País está a ter e, uma vez mais, dá razão àquelas pessoas que criticam os nossos processos, dizendo que há forças, há interesses que não tem nenhuma vontade de garantir que os processos eleitorais em Moçambique sejam genuínos e que reflictam a vontade do povo. Isso dá azo ao facto dos processos eleitorais não serem considerados justos, livres e transparentes”, disse Chichava.
Recorrendo à nossa história, o pesquisador do IESE alerta que os processos eleitorais mal feitos criam sempre condições para conflitos pós-eleitorais, tendo dado exemplo da Junta Militar da Renamo e do regresso de Afonso Dlhakama a serra da Gorongosa.
“Isso mostra que não estamos a aprender dos nossos erros, das experiências passadas em que processos eleitorais mal feitos criam problemas. Os conflitos que tivemos que até fizeram para que o presidente da Renamo morresse no mato vem em virtude desses processos eleitorais mal feitos e parece que não há vontade genuína daqueles que dirigem esse país, daqueles que decidem sobre os destinos desse país para que Moçambique viva uma situação de paz, de menos violência”, sublinha.
Olhando para a experiência e o avanço tecnológico desde que se registaram as primeiras eleições multipartidárias do país, Chichava não encontra uma explicação plausível para as falhas graves que vem sendo apresentadas pelos órgãos eleitorais.
“O STAE tem uma capacidade técnica muito melhor do que a de 1994, mas não nos admiremos se esse processo for bastante contestado e levar a situações de violência que possam a vir a ser incontroláveis. É preciso que entre as elites políticas haja vontade genuína de mudar as coisas. A oposição tem as suas limitações, tem culpa, mas não tenhamos amnésia, lembremos das mortes que tem acontecido em virtude da oposição reivindicar que estes processos sejam transparentes”, alertou.
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