Pessoas dormem nos postos de recenseamento para conseguirem se recensear na Cidade da Beira

POLÍTICA

Para além dos ilícitos eleitorais que visam favorecer o partido no poder nas próximas eleições autárquicas, na Cidade da Beira, província de Sofala, o processo de Recenseamento Eleitoral está a ser marcado por enchentes no grosso dos postos de recenseamento. Há cidadãos que ficam mais de três dias na fila para ter o cartão de eleitor. Para contornar o clientelismo, corrupção e favoritismo, as pessoas preferem pernoitar nos postos de recenseamento para poderem ser as primeiras a se recensear. 

Jossias Sixpence- Beira

O processo de recenseamento eleitoral caminha a passos largos do término. Na Cidade da Beira, os cidadãos que não são membros do partido no poder enfrentam dificuldades para se recensear, uma vez que os brigadistas receberam ordens para priorizar aqueles que trazem cartão vermelho no bolso.

As pessoas querem exercer o seu direito de voto nas próximas eleições autárquicas e para o efeito preferem dormir nos postos de recenseamento para conseguir o cartão de eleitor.  Nacha António já tem o cartão, mas a sua progenitora mesmo depois de ter ficado três dias na fila não conseguiu se recensear devido as enchentes. Para contornar este cenário, Nacha e a mãe decidiram dormir no posto de recenseamento.

Venho acompanhar a minha mãe que está há três dias a vir e que não consegue recensear devido às enchentes de pessoas que são chamadas para entrar e nós continuamos aqui na bicha até a hora que eles fecham, por isso que preferimos dormir aqui, mas mesmo assim é normal acordar e na hora de atendimento começarem a chamar pessoas para entrar e nós aqui parados sem acesso, estamos cansados” disse António, para depois mostrar o seu descontentamento com a gestão do processo de recenseamento na Cidade da Beira.

Ainda na cidade da Beira, em alguns postos de recenseamento os brigadistas não aceitam que pessoas se recenseiem sem documentos mesmo na presença de testemunhas já recenseadas.

“Mandaram voltar e disseram não aceitam recensear com testemunhas. O meu vizinho ontem não conseguiu se recensear com testemunhas. Por isso, eu levei ele para vir de novo tentar.  Não sabemos quem deu essas ordens porque no passado aceitavam inscrever as pessoas sem documentos”, declarou Isabel da Conceição.

A Comissão Nacional de Eleições de Moçambique reconheceu na semana finda que houve um aumento de crimes eleitorais no processo de recenseamento, tendo na mesma ocasião anunciado a suspensão preventiva do director distrital do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) da Beira e os seus comparsas devido ao esquema desenhado para reduzir potenciais eleitores dos partidos da oposição.

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