Jovens e adolescentes não podem aderir aos métodos contraceptivos por medo de gravidez precoce – alerta activista social

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O Inquérito Nacional sobre o Impacto do HIV e SIDA em Moçambique relativo de 2021 (INSIDA 2021) observa que houve uma ligeira redução da prevalência do HIV entre adultos de 15 aos 49 anos, que passou de 13,2% para 12,4%. No entanto, o inquérito que foi financiado pelo Conselho Nacional de Combate ao HIV e SIDA aponta que são no peso da epidemia são particularmente notórias nas faixas etárias compreendidas entre os 15 e 29 anos, chegando a prevalência do HIV a ser duas a três vezes mais alta entre as mulheres comparativamente aos homens. A activista da Geração Biz na Escola Secundária da T-3, arredores do Município de Maputo, Inalda Matusse observa que os números tornados públicos pelo Ministério da Saúde mostram que os jovens e adolescentes são os mais infectados pelo HIV/, alertando que os mesmos aos métodos contraceptivos por medo de gravidez precoce e ignorar as doenças sexualmente transmissíveis.

Texto: Duarte Sitoe

O INSIDA 2021 que, estima que anualmente 4,8 novas infecções ocorrem entre 1000 pessoas de 15 a 49 anos de idade, aponta que a província de Gaza com uma taxa de 20,9% lidera as estatísticas da prevalência do HIV entre adultos com idade igual ou superior a 15 anos de idade. A província de Zambézia segue na segunda posição com 17,1%, enquanto a Cidade de Maputo com 16,2% e Província de Maputo com 15,4% seguem na terceira e quarta posição, respectivamente.

Apesar das acções multissectoriais baseadas em intervenções de prevenção combinadas, nomeadamente, profilaxia de prevenção do HIV, circuncisão masculina, prevenção da transmissão vertical, rastreio e prevenção de tratamento de infecções de transmissão sexual, biossegurança, testagem do HIV e tratamento antirretroviral e redução do estigma e discriminação), tende a crescer a prevalência da apelidada doença do século entre os jovens e adolescentes em Moçambique.

Maria Magaia (nome fictício), actualmente com 18 anos de idade, sem conseguir segurar as lagrimas os olhos, contou ao Evidências que por ter aderido aos métodos contraceptivos pensava que era imune ao HIV/Sida.

Actualmente, Magaia faz parte do grupo de jovens infectados pelo HIV/Sida e refere que se o tempo voltasse no passado não teria cometido os meus erros. “No presente os jovens e adolescentes aderem aos métodos contraceptivos por medo de engravidar. Infelizmente, cai no mesmo erro e hoje estou infectada pelo HIV por culpa própria porque mantive ralações sexuais com mais de três homens sem protecção. Na verdade pensava que o Dio para além de evitar uma gravidez indesejada podia me proteger das doenças sexualmente transmissíveis”, disse Magaia para posteriormente alertar que muitos estudantes correm o risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis por pensar que estão protegidas pelo simples factos de terem aderido aos métodos contraceptivos.

“Iniciei a minha vida sexual com 15 anos de idade. Quando a minha mãe percebeu me levou para hospital com vista a aderir aos métodos contraceptivos. Não fiquei grávida, mas foi infectada pelo HIV e só descobri quando queria doar sangue na escola. Confesso que fiquei sem chão, mas aquele activista me explicou que não era o fim da vida. Até hoje ainda não ganhei coragem de contar aos meus pais que sou seropositiva. Os adolescentes e jovens correm mais risco de ter o HIV porque praticam relações sexuais sem protecção os pelo simples facto de ter um implante”.

“Os pais não podem ter medo de falar sobre saúde sexual e reprodutiva com os filhos”

Borges Manteigas, de 19 anos de idade, declarou se envolvia sexualmente com as suas parceiras sem protecção porque as mesmas aderiram aos métodos contraceptivos e, por isso, não tinha como as engravidar. No entanto, viu-se obrigado a mudar de posição depois que um dos amigos soube que estava infectado pela doença do século.

“As últimas estatísticas não metem, há muitos jovens vivendo com o HIV em Moçambique. Os usos dos métodos contraceptivos estão por detrás destes números, visto que muitos jovens preferem fazer sexo sem protecção só porque a namorada não corre o risco de engravidar. Eu também era apologista da ideia de que podia ir widas porque o grosso das minhas parcerias aderiu aos métodos contraceptivos, mas abandonei essa tese quando um dos amigos foi infectado pelo HIV”, disse Manteigas.

Na opinião da activista da Geração Biz na Escola Secundária da T-3, arredores do munícipio da Matola, província de Maputo, Inalda Matusse observa que os números tornados públicos pelo Ministério da Saúde mostram que os jovens e adolescentes são os mais infectados pelo HIV/Sida.

“Os números não mentem. Os jovens estão na lista dos mais afectados pelo HIV/Sida em Moçambique. O seu modus vivendi contribui para essas estatísticas embora há outros que não foram afectados pelo vírus por ter praticado relações sexuais sem protecção. Ao nível da escola temos feito palestras com os estudos, mas os pais não podem ter medo de falar sobre saúde sexual e reprodutiva com os filhos e isso pode ajudar a reduzir as infecções por HIV em Moçambique porque estaríamos a fazer o trabalho de sensibilização em dose dupla”, declarou

Prosseguindo, Matusse alertou aos jovens não podem aderir aos métodos contraceptivos por medo de gravidez precoce e ignorar as doenças sexualmente transmissíveis.

“É uma triste realidade, os jovens só aderem aos métodos contraceptivos por medo de ficarem gravidas. Através das palestras conseguimos reduzir os índices de gravidez precoce que são uma das primeiras causas da desistência escolar, mas não podemos travar a transmissão de doenças sexualmente transmissíveis. Nas nossas palestras instamos os jovens para não ignorarem a protecção nas relações sexuais ocasionais só porque aderiram aos métodos contraceptivos”, concluiu.

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