- Alegou que o valor era para pagar serviços de um advogado
O reitor da Universidade Joaquim Chissano (UJC), José Magode, é acusado de ter desviado cerca de 2,5 milhões de meticais da instituição por si liderada. Segundo denúncias, o reitor da instituição do ensino superior que nasceu da fusão da Instituto Superior de Relações Internacionais (ISRI) e Instituto Superior da Administração Pública (ISAP) desviou o valor em alusão alegando que queria pagar o advogado que defendeu a instituição num caso de acidente, em que a UJC recebeu uma indemnização de 11 milhões de meticais. Estranhamente, enquanto paga milhões em serviços de um advogado, há relatos de má gestão a ponto de, no primeiro semestre do corrente ano, os estudantes terem visto os exames adiados porque a UJC não tinha pago a factura de energia. Na sua versão dos factos, a Universidade Joaquim Chissano rebateu todas as acusações, justificando que José Magode não tem autonomia para mexer nos fundos da instituição porque existem pessoas que trabalham com as finanças e diz que a escola ficou apenas um dia às escuras porque um camião derrubou um poste que transporta a corrente.
Durante a construção da estrada circular, um camião da empresa chinesa que era responsável pelas obras embateu num carro protocolar da Universidade Joaquim Chissano, tendo o caso seguido para a justiça, uma vez que não houve entendimento entre as duas partes.
Após o julgamento, o tribunal deu razão à instituição do ensino superior liderada por José Magode e obrigou a empresa chinesa a pagar uma indemnização de cerca de 11 milhões de meticais.
No entanto, segundo denúncias na posse do Evidências, o reitor da Universidade Joaquim Chissano desviou cerca de 2,5 milhões de meticais deste valor, alegando que queria pagar o advogado que defendeu a instituição naquele caso, sem sequer apresentar uma justificação plausível para o desembolso daquele milionário pagamento.
Para além do valor do pagamento de serviços de um advogado serem extremamente inflacionados para a realidade do mercado nacional, fontes do departamento financeiro apontam que o valor em alusão nunca chegou a ser canalizado na conta do referido advogado sortudo.
Quando percebeu que foi descoberto, José Magode decidiu se vingar, ou seja, suspendeu os funcionários do departamento financeiro e um professor por supostamente terem vazado a informação.
Por outro lado, há relatos de má gestão na Universidade Joaquim Chissano. Para além da partilha de pautas que pessoas que não fazem parte do corpo docente da instituição, no primeiro semestre do ano em curso, os estudantes não realizaram exames por falta de energia da instituição.
De acordo com estudantes, há falta de organização dentro daquela instituição, uma vez que foram obrigados a trazer recibos do primeiro ano porque a secretaria perdeu uma parte dos documentos.
“A escola tem a obrigação de ter um arquivo. Agora, estamos no terceiro ano, mas fomos obrigados a procurar recibos do primeiro ano. Há colegas que não conseguiram trazer os recibos. Como uma instituição de ensino superior, a Universidade Joaquim Chissano tinha que ser mais organizada. Esperamos que as coisas melhorem porque não será sempre que vamos conservar recibos”, disse uma estudante que preferiu se identificar pelo nome de Jéssica.
“O reitor não tem competência de mexer no dinheiro”
Em representação do reitor e da Universidade Joaquim Chissano, Mateus França rebateu todas acusações que pesam sobre José Magode e a instituição, justificando que o reitor não tinha como desviar 2,5 milhões de meticais porque não tem competências para mexer no dinheiro.
“O reitor não desviou dinheiro porque não é o reitor que mexe no dinheiro. Isso é uma instituição pública como uma estrutura orgânica. O reitor não tem competências de mexer no dinheiro, então ele não tem como desviar porque não tem autonomia para isso. Existem pessoas que lidam com essas matérias. Contratou-se um advogado que fez a prestação de serviços, naturalmente que foi pago pelos canais apropriados, e esse caso está na justiça. É a justiça que vai tratar dos assuntos subsequentes”, declarou, para depois referir que os três funcionários foram suspensos por recomendação do Gabinete Central de Combate Contra a Corrupção (GCCC)
“Não estamos em sede de vingança porque aqueles indivíduos são funcionários e assumiam cargos. Eles cometeram as irregularidades que cometeram e por recomendação do Gabinete Central de Combate Contra a Corrupção, que fez a inspeção, foram sancionados. Foi respondendo essa recomendação que eles foram suspensos. Depois de sancionados eles não recorreram porque é um caso que eles conhecem”, sublinhou.
Prosseguindo, França referiu que a Universidade Joaquim Chissano não tem conhecimento da partilha de pautas com pessoas estranhas porque cada estudante tem o seu código para aceder às notas, mas reconheceu que a escola ficou sem energia, porém, na sua versão, não foi por falta de pagamento da factura.
“A faculdade tem energia, talvez pode haver um corte de energia motivada pelas diferentes avarias da empresa fornecedora. Há cortes de energia em qualquer coisa. Deve ter havido corte de energia na semana de exame porque há um camião que derrubou um dos postes da EDM e outro de internet. Ficamos sem energia e sem internet. Isso durou um dia, repusemos e estamos a funcionar normalmente. Não faz parte da nossa cultura. Ninguém traz facturas dos anos anteriores. Usa-se os mecanismos bancários que são reconhecidos”, rebateu.
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