Redução de perdas e melhoria do nível de cobranças conduzem EDM a resultados positivos desde 2017

ECONOMIA

A Eletricidade de Moçambique fechou o ano passado, com resultados operativos e de produção positivos, o que resultou na divisão de dividendos na proporção de um salário para todos os trabalhadores, incluindo os membros do Conselho de Administração. Estes ganhos devem-se essencialmente a três factores, nomeadamente a redução significativa das perdas, o aumento das cobranças e a substantiva redução dos custos de produção.

Com uma produção total cifrada em 5 220,431,801,00 meticais em 2022, contra 2 090,299,498,00 meticais, representando um crescimento em mais de 100%, a EDM conseguiu superar as expectativas, e neste momento o grande desafio que a empresa enfrenta é manter os resultados positivos, o que, segundo o director de Distribuição e porta-voz da instituição, Luís Amado, exige que a empresa continue a fazer redução de perdas.

“Felizmente, nos últimos dois anos as perdas se estabilizaram, em 2021 reduziu-se 0.7%, em 2022 as perdas também desceram. Por outro lado, naquilo que são as cobranças, a empresa melhorou muito, tem sido comum ouvir que cortaram no ministério X ou Y. Tudo isso faz parte daquilo que é a pressão que a empresa tem estado a fazer para ter mais receitas, porque é das receitas que a empresa vive. Isso também tem a ver com aquilo que é a redução dos custos de operação, a empresa tem estado muito focada em cortar os custos de forma que ela possa conter aquilo que são as despesas e ter mais receitas”, revela Luís Amado.

A electrificação rural, que conta com apoio de parceiros e doadores internacionais, tem sido uma das marcas da fase actual da empresa, o que permite ter uma média de 350 mil novas ligações por ano.

“350 mil ligações foram feitas no ano passado, este ano estão previstas mais 350 mil ligações, e neste momento já estamos acima dos 50%. Esta entrada massiva de consumidores aumenta a receita. Tudo isso tem estado a fazer com que a empresa tenha resultados positivos. Se há uma melhoria no fornecimento de energia é mais energia que se vende e mais dinheiro que entra”, descreve.

Outro factor que tem estado a incrementar as receitas da EDM é o quase corte da dependência de fontes externas para o fornecimento de energia. Neste momento, a empresa tem praticamente 98% da energia produzida localmente, com o ganho de diversificação de fontes, com a entrada em funcionamento de centrais a gás e solares.

Trata-se de 500 MW da HCB, 100 MW da CTM, 175 MW da CTRG, 110 da Gigawatt, 100 de Chipanba e Mavuze, entre outras, o que reduziu bastante o preço da compra de energia, pois a EDM já não é obrigada a importar energia. E espera-se que a capacidade interna de produção possa crescer e atingir o excedente quando entrar em funcionamento a Central Térmica de Pande e Temane, que vai incrementar em 450 MW.

“No final do próximo ano teremos mais 450 MW, isso vai ser muito bom para nós, o que significa que teremos um excedente, e neste momento está-se a trabalhar para ter clientes que possam absorver pelo menos 30 MW.

“Outra coisa boa é que o próprio país cresceu muito em termos de grandes consumidores industriais, hoje em dia já temos a Vulcan e Parque Industrial de Beluluane com consumos muito grandes. Tu alimentas uma pessoa com 10,30 MW e não tem perdas, enquanto nas ligações domésticas temos uma média de perdas de 30%. Os consumidores industriais grandes estão a ajudar a compensar esses prejuízos que a empresa está a ter nas ligações domésticas”, sustenta.

Vandalização de material eléctrico continua um calcanhar de Aquiles

Segundo Luís Amado, os ganhos podiam ser ainda maiores, se não fosse por causa do que anualmente se gasta para repor o material diverso que é vandalizado por uma rede de malfeitores. Em média, a EDM perde 100-120 milhões de meticais por ano e só no mês em curso a empresa perdeu 22 milhões de meticais.

“Nosso grande problema é a vandalização, mas neste momento estamos a mudar o material, estamos a colocar cabos de alumínio, estamos a fazer condutores de terra em alumínio, que têm suas desvantagens, pois dentro de um prazo tem que ser substituídos, enquanto o cobre não”, refere.

Para reverter o cenário, segundo Amado, foi criada uma task force multissectorial composta pela EDM, CFM, PRM, PGR e líderes comunitários que trabalham de zona em zona, para identificar os latoeiros, sucatas e depois fazer campanhas de sensibilização para que as populações estejam atentas e comuniquem a EDM em caso de roubo ou conhecerem onde são comercializados estes produtos.

“Mais do que a EDM, os consumidores sofrem muito, temos trabalhado com a comunidade e temos pequenos grupos específicos que cuidam de perdas e vandalização, que acordam de manhã e andam atrás destes casos. A nível do país, temos identificado vários casos, temos processos em tribunais. Já temos 22-23 casos julgados e condenados”, revela.

E porque as sucatas demandam maior atenção, Amado conta que a empresa redobrou atenções e conta com apoio da CFM, que faz o último tampão no porto para evitar a exportação de produtos derivados ou em bruto resultantes da vandalização de linha elétrica.

“Muita das vezes são sucatas, entramos lá e verificamos material da EDM, não houve ainda sucatarias que foram encerradas por causa deste problema, eles transformam tudo e deixam cobre, quando chegamos lá dizem ‘isto é cobre, prova que é da EDM’, despacham tudo e deixam só rolos, EDM recolhe tudo, não é coisa fácil, agora estamos a trabalhar com CFM, já não é fácil exportar este material, e porto, e ferroviária, mas prontos, o país tem muitas fronteiras, pelo menos pelas fronteiras convencionais já não é fácil exportar.

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