A Renamo está em polvorosa na sequência do anúncio que dá conta de que Ossufo Momade será, mais uma vez, candidato presencial. O Centro de Integridade Pública, uma organização da sociedade civil, não tem dúvidas de que Momade quer manter o poder para não perder as mordomias, ou seja, os milhões de meticais do Orçamento de Estado na qualidade do segundo candidato mais votado.
Numa altura que se aguardava pela realização do Congresso para decidir os destinos do maior partido da oposição em Moçambique, José Manteigas, apoiando-se nos resultados das VI Autárquicas, veio ao público anunciar que Ossufo Momade será o candidato da Renamo nas próximas Eleições Gerais.
Este anúncio, para além de surpreender a sociedade em geral, trouxe fissuras dentro da perdiz. Venâncio Mondlane e Manuel de Araújo foram os membros da Renamo que vieram ao público repudiar a revelação do porta – voz do partido, referindo que a mesma é ilegal porque àquela força política prima pela democracia.
Olhando para a crise instalada no seio do maior partido da oposição em Moçambique, o Centro de Integridade Pública (CIP) entende que Ossufo Momade luta pela renovação do cargo de presidente da Renamo para não perder o “ tacho”, visto que na qualidade de segundo candidato mais votado tem direito a milhões do Orçamento de Estado.
Segundo o CIP, entre 2021 e 2022, Ossufo Momade e o seu gabinete receberam mais de 100 milhões de meticais, dos quais 68 em 2022, transferidos dos fundos do Estado, daí que pretende seguir o modelo da Frelimo e apostar na teoria de candidato único o que, de certa forma, declina “a vontade de Venâncio Mondlane e de Manuel de Araújo de se candidatarem à presidência do partido”.
Aliás, aquela organização da sociedade civil denúncia que não há uma gestão criteriosa dos fundos devido à falta de estrutura do gabinete do presidente do maior partido da oposição em Moçambique.
“O Gabinete não tem uma estrutura administrativa para a uma gestão criteriosa de tanto dinheiro alocado para bens e serviços, o que significa que é um valor que é atribuído a Ossufo Momade para usar ao seu bel-prazer”, refere o CIP.
Para além de um salário mensal de 200 mil meticais, Momade tem um série de regalias, nomeadamente, despesas de representação, subsídios mensais actualizados e gozar das regalias inerentes ao estatuto; dispor de meios de transporte do Estado; beneficiar do direito de alienação de viatura; ter passaporte diplomático, para si, seu cônjuge e filhos menores ou incapazes; gozar de um regime especial de protecção e segurança para salvaguardar a sua integridade física; viajar em primeira classe; ter subsídio de reintegração nos termos da lei.
Ossufo Momade sabe que ao manter-se na liderança da Renamo vai continuar a ter direito ao “tacho” e, por outro lado, como líder do segundo partido mais votado tem direito à vaga de membro do Conselho de Estado, com as respectivas regalias, e, por isso, pretende instaurar a ditadura na Renamo, tendo escolhido José Manteigas como seu “menino de recados”.
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