Papa Francisco preocupado com violência contra a população em Cabo Delgado

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O Papa Francisco referiu, no domingo, 18 de Fevereiro, na Praça de São Pedro, que em todos os lugares onde há conflitos as populações estão exaustas com a guerra, tendo dado exemplo da situação do terrorismo na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, e do conflito no Sudão. O Sumo Pontífice lamentou, por outro lado, a destruição do edifício da missão católica de Nossa Senhora da África em Mazeze e pediu aos fiéis para continuarem a rezar para que sejam encontrados caminhos para a paz.

 

Duarte Sitoe

 

Depois de um período de relativa estabilidade, o cenário da insegurança voltou a se instalar em alguns distritos da província de Cabo Delgado face às últimas emboscadas dos grupos armados que desde Outubro de 2017 semeiam luto e terror naquela parcela do país.

 

Com o aumento dos ataques, as populações viram-se obrigadas a abandonar as suas zonas de origem para os locais tidos como seguros, sendo que a Embaixada da França em Maputo desencorajou, recentemente, viagens para as cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma.

 

“Devido à presença de uma ameaça terrorista e de rapto nas cidades de Mocímboa da Praia, Pemba e Palma, é fortemente recomendado não viajar para estas cidades, bem como viajar nas estradas que ligam estas localidades. Recorde-se que num contexto de intensificação da ameaça terrorista em Cabo Delgado, são de temer ataques jihadistas no sector de Mocímboa da Praia e Palma. Também existe um alto risco de emboscadas nas principais estradas da região”, referiu a Embaixada da França.

 

Na missa que teve lugar no domingo, 18 de Fevereiro, no Vaticano, o Papa Francisco falou da situação de terrorismo em Cabo Delgado. Segundo o Sumo Pontífice, a província de Cabo Delgado está martirizada, sendo que os ataques dos insurgentes afectam sobremaneira a população.

 

“A violência contra populações indefesas, a destruição de infra-estruturas e a insegurança voltam a espalhar-se na província de Cabo Delgado, em Moçambique, onde também nos últimos dias foi incendiada a missão católica de Nossa Senhora da África em Mazeze. Rezemos para que a paz volte àquela martirizada região”.

 

Para o Papa Francisco, a guerra é sempre uma derrota, referindo que o mundo não pode esquecer dos conflitos que ensanguentam o continente africano e outras partes do mundo, daí que pediu a todos para não pararem de rezar.

 

“Onde quer que haja combates, as populações estão extenuadas, estão cansadas da guerra, que como sempre é inútil e inconclusiva, e trará somente morte, somente destruição e nunca levará à solução do problema. Em vez disso, rezemos sem nos cansar, porque a oração é eficaz, e peçamos ao Senhor o dom de mentes e de corações que se dediquem concretamente à paz”.

 

Para além da situação do terrorismo na zona norte de Moçambique, o líder da Igreja Católica destacou o conflito no Sudão e orientou aos fiéis para continuarem a rezar para que sejam encontrados os caminhos para a paz o mais breve possível.

 

“Já passaram dez meses desde a eclosão do conflito armado no Sudão, que causou uma situação humanitária muito grave. Peço novamente às partes em conflito que parem com esta guerra, que provoca tanto mal às pessoas e ao futuro do país. Rezemos para que em breve sejam encontrados caminhos de paz para construir o futuro do querido Sudão”.

 

Refira-se que, recentemente, os refugiados do Centro de reassentamento de Corrane, na província de Nampula, pediram ao Cardeal Luis Antonio Tagle, pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização, para dizer ao Papa Francisco para rezar para acabar com a guerra na província de Cabo Delgado.

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