Ala de Ossufo Momade não desarma e destaca grupo de choque para tentar desvalorizar acordo alcançado no Tribunal

DESTAQUE POLÍTICA
  • Continua ambiente de cortar a faca na RENAMO
  • Liderança da Renamo viu-se forçada a antecipar decisão do tribunal
  • A contragosto, Ossufo Momade marcou Congresso para 15 e 16 de Maio

A providencia cautelar movida por Venâncio Mondlane contra a liderança da Renamo extinguiu, sexta-feira, 22 de Março, os seus efeitos após um acordo alcançado entre este e o partido no Tribunal que culminou com a marcação do Congresso para os dias 15 e 16 de Maio do ano em curso. Tratou-se de uma acção extrajudicial que antecipou a decisão do juiz que naquele dia devia ler a sentença na qual, dentre vários aspectos, iria estipular um prazo dentro do qual Ossufo Momade e seu grupo mais achegado deviam marcar a data do Congresso. Prevaleceu o bom censo que evitou uma humilhação judicial, mas, ao que tudo indica as hostilidades entre as partes continuam, tendo se visto uma série de ataques por parte dos grupos de choque da liderança da perdiz contra Venâncio Mondlane.

 

É já um dado adquirido. A Renamo já tem data para o Congresso. Vai ser nos dias 15 e 16 de Maio próximo e pelos estatutos deverão ser, naquela reunião magna, eleitos os órgãos principais do Partido, nomeadamente, os membros da Comissão Política e do Conselho Nacional, devendo caber a este último, na sua primeira sessão a realizer-se no decurso do Congresso, eleger president da Renamo.

A indicação in extremis da data do Congresso foi conseguida “a saca rolhas” nas vésperas da leitura da sentença do juiz em torno da Providéncia Cautelar que era movida pelo deputado e antigo cabeça de lista da Renamo, na cidade de Maputo, Venâncio Mondlane.

Evidências apurou que a liderança da Renamo desistiu de avançar com a sua defesa em sede do contraditório diferido e preferer uma negociação directa com Venâncio Mondlane, após não conseguir provar diante do Juiz que realmente não tem dinheiro para organizar aquela reunião magna.

Recorde-se que na última sexta-feira em sua defesa a Renamo alegara em Tribunal que o motivo de não marcar o Congresso prendia-se com questões financeiras que colocavam em causa a sua capacidade de prover logística do evento, um argumento que desde cedo mostrou-se inconsistente de tal sorte que a própria Renamo não conseguiu apresentar provas documentais das condições financeiras deficitárias.

É que, o Tribunal chegou a solicitar demonstrações financeiras e extractos bancários dos últimos cinco anos, um pedido que não foi satisfeito, o que terá pesado para que Ossufo Momade e companhia decidissem se antecipar à decisão do tribunal.

Ao chegar ao acordo com VM, a Renamo evitou que fosse o Tribunal a marcar o Congresso ou determinar um prazo para a sua realização. Na verdade era esperado que o Juiz se pronunciasse naquela mesma sexta-feira sobre o assunto. Com o acordo, em forma de transação entre as partes, a Providência Cautelar deixou de produzir efeitos.

Apoiantes da Renamo inconformados, atacam Venâncio Mondlane

Durante a presente legislatura, pelo menos no parlamento, Venâncio Mondlane e o deputado Arnaldo Chalaua, pareciam ser amigos próximos, com ideias que muitas vezes convergiam e até troca de juras de amor pelas redes sociais, mas, ao que tudo indica, a luta pelo “tacho” fez essa relação espumar.

Depois de ter estado activo entre os que criticaram Venäncio Mondlane por ter movido uma providência cautelar contra a liderança da Renamo, Arnaldo Chalaua usou, desta vez, as redes sociais para descarregar a sua fúria contra o antigo cabeça de lista da perdiz na capital do país.

“As coisas acontecem na hora da Renamo e não no tempo do Membro do PODEMOS com o seu companheiro. Isso aqui chama-se RENAMO. Aqui não há tribunal, não há procuradoria, aqui a decisão é do Presidente da Renamo, OM. Alguém aí disse conseguimos, kkkkkk fica a ideia de haver problemas de neurologia imediata. O tribunal negou todos pontos prévios do Elvino. O juiz disse: você não conhece Renamo, aqui no tribunal não estou para ser orientado por você.”, retorquiu Chalaua, rebatendo o anúncio feito por Venâncio Mondlane, sem no entanto apresentar nenhum elemento que prova que aquela decisão foi de iniciativa da Renamo.

Em nenhum momento fez referência a Venâncio Mondlane, mas pelo teor da sua intervenção, percebe-se que se referia a este.

“É vergonhoso ver esses filmes feito por alguém que não conhece o partido Renamo, ou pensam que as pessoas não têm visão? A todos que pensam que Chalaua está a escovar, eu vos dou perdão incondicional. Esperem as decisões do partido e do Conselho Nacional sobre o perfil dos candidatos, já temos as datas do Congresso”, disse dando a entender que pode estar em curso uma estratégia para manipular os requisitos para afastar qualquer possibilidade de Venâncio concorrer.

Quem também reagiu de pronto é o porta-voz da Renamo, José Manteigas, que negou que a marcação do Congresso daquele Partido resulte da pressão exercida pela providencia cautelar de Venâncio Mondlane, pese embora não ter conseguido mostrar por que razão esperou todo este tempo até precisamente o dia em que o tribunal devia tomar sua decisão.

Mas o ataque mais feroz e directo a Venâncio Mondlane veio de um estranho grupo de ex-guerrilheiros da Renamo, em Manica, que roubaram protagonismo semana passada para anunciarem que não querem a candidatura de Mondlane e Elias Dhlakama naquilo que parece ser uma acção de contra-ataque do grupo de Ossufo Momade.

Numa conferência de imprensa concorrida e bastante organizada, naquilo que parece ser a delegação política da perdiz em Manica, os supostos antigos guerrilheiros defendem que Venâncio Mondlane e Elias Dhlakama não devem ter o privilégio de concorrer à presidência da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), pelo facto de Elias Dlhakama, irmão do falecido Afonso Dlhakama, pertencer às Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), e por considerarem que Venâncio Mondlane não tem um perfil adequado para dirigir aquele partido histórico.

“Não estamos satisfeitos com o comportamento de alguns membros, pois estão a desorganizar-nos. Queremos ter um único comando e voz”, frisou David Coroa, antigo guerrilheiro, que fez a vez de porta-voz do grupo.

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