Aumentou de 320 para 570 o número de mulheres nas redacções

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  • H2n lança terceiro relatório do género em Moçambique
  • Evidências entre os órgãos que mais publicam artigos sobre gênero

A H2n lançou, recentemente, o seu terceiro relatório anual de mídia, documento que analisa os artigos produzidos nos órgãos de comunicação em Moçambique. No relatório em alusão, a H2n mostrou que a presença da mulher nas redacções tem vindo a aumentar a cada ano que passa, uma vez que em 2023 foram contabilizadas 570 mulheres, por sinal mais 250 em comparação com os dados recolhidos em 2022. Por outro, aquela organização da sociedade civil observou que o Jornal Evidências está entre os órgãos que mais publicam artigos desta temática.

Evidências

O Relatório Anual de Género nos Media é o resultado de um estudo que avalia as tendências de género nos media moçambicanos, com foco nos jornais, e pela primeira vez, nas rádios comunitárias, televisões e jornais, sendo que o mesmo é produzido com base em dados recolhidos através da análise de conteúdos de jornais, com vista a avaliar a representação de género.

As mulheres continuam em menor número no grosso das redacções. No entanto, em comparação com 2022, em 2023, de acordo com a H2n, houve aumento de 78% na representação das mulheres nas redacções.

“Apesar de se manter a predominância masculina em todos os órgãos, destaca-se um aumento na representação feminina em termos de números absolutos, com um aumento de 78% no número de mulheres, que passou de 320 em 2022, para 570 em 2023. Ainda assim, são evidentes os desafios na luta por uma equidade de género efectiva nos meios de comunicação, bem como a necessidade de criação de estratégias mais robustas, visando promover uma representação mais equilibrada”, refere o relatório.

O relatório aponta que as rádios comunitárias são as que apresentam maior número de colaboradoras com 29%, seguidas pelos órgãos televisivos que tem uma representação de 24%, enquanto os jornais impressos apresentam menor predominância, designadamente 21%, sendo que esta tendência tem sido constante desde a divulgação do primeiro Relatório Anual de Género nos Media em 2022.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Jornal Evidências consta da lista dos órgãos que mais publicaram artigos ligados a questões de género.

“Dos nove órgãos avaliados, o jornal Savana continua, pelo terceiro ano consecutivo, a ser o que menos artigos sobre género produz, não tendo sido identificado nenhum tipo de artigo referente à área em todas as 24 edições do jornal apreciadas. Generus e Evidências foram os semanários com mais publicações, 71 e 33 artigos, respectivamente, em 24 edições. Por sua vez, o Ikweli e Diário de Moçambique são os diários com maior produção de artigos de género, apresentando 26 e 22, respectivamente”.

Para Farida Ustá, directora do projecto Asas na H2n, o relatório visa oferecer algum subsídio a todas as pessoas que têm interesse em assuntos de género, principalmente os que trabalham nos media, daí que assumiu o compromisso de continuar a avaliar e analisar dados sobre a presença da mulher na mídia para que o cenário vá mudando gradualmente, defendendo a inclusão das mulheres nas redacções.

“Se mais mulheres estiverem nas redacções mais conteúdo diversificado e inclusivo será publicado, teremos uma sociedade mais equilibrada, onde homens e mulheres contribuam para o desenvolvimento do país”, disse Farida.

A representante do Alto Comissariado do Canada, por sua vez, disse que apesar dos números mostrarem um avanço, há necessidade de continuar a lutar pela presença das mulheres nos órgãos de comunicação e também dar mais atenção aos jornais impressos por eles terem uma percentagem baixa de colaboradores do sexo feminino.

“Notamos também com satisfação em termos absolutos de números de artigos que abordam sobre as pessoas com deficiência, estamos cientes da necessidade de continuar a apoiar Moçambique em iniciativas que visam adoptar as mulheres de competências para a criação de ambiente para propicio ao seu crescimento e progresso isto inclui a segurança nas redacções para trabalharem livres”

Por sua vez, Sheynize Muzé, coordenadora de mídia na H2n, observou que os dados revelaram, mais uma vez, uma disparidade entre homens e mulheres no que toca às fontes de informação.

“Os homens aparecem mais vezes nos jornais, tanto em artigo como fontes, os homens aparecem 73% vezes do que as mulheres. As mulheres só aparecem como fontes quando não há mais alguém para incluir como fonte”, declarou Sheynize, recomendando posteriormente a implementação de políticas e práticas nas redacções que fomentem as oportunidades de emprego para mulheres em todos os níveis na área de mídia e promover uma maior representatividade feminina em cargos de chefia nas Redacções com vista a garantir que estas tenham poder efectivo na tomada de decisões.

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