Naufrágios na Ilha de Moçambique e em Caia colocam população de Inhambane em alerta

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No corrente mês de Abril o país registou dois naufrágios que semearam luto nas famílias. O primeiro ocorreu na Ilha de Moçambique, matando 100 pessoas, e o segundo registou-se em Caia, província de Sofala, matando 10 pessoas da mesma família. Estes dois acontecimentos colocaram em alerta a população que opta pelo transporte marítimo para fazer a travessia Inhambane – Maxixe e vice-versa, tendo por isso pedido o reforço de medidas de segurança. Por sua vez, os responsáveis pelas embarcações referem que os barcos nunca carregam acima da lotação recomendada, o que de certa forma pode evitar tragédias como a da Ilha de Moçambique.

 

Duarte Sitoe

 

Muitos são os munícipes da Cidade de Maxixe e Inhambane que, ao invés do transporte público de passageiros, preferem o transporte marítimo para fazer a travessia entre os dois pontos. As pequenas embarcações estão em maior número em relação aos barcos de grande porte.

As pequenas embarcações, na sua maioria privadas, têm uma capacidade de carregar 60 pessoas e oferecem menor segurança em relação às grandes. Apesar dos últimos acontecimentos no país, os utentes continuam a confiar nos barcos que geralmente são usados para a pesca.

Ana Miguel prefere viajar de Maxixe à Inhambane via marítima porque leva menos tempo, mas confessa que nos dias em que o mar está “zangado” tem sido um autêntico perigo navegar nas pequenas embarcações. Aliás, a fonte referiu que depois do naufrágio na Ilha de Moçambique a população ficou em alerta.

“Para quem viaja de barco é sempre assustador ouvir que houve naufrágio e morreram pessoas. Prefiro viajar de barco porque é mais rápido em relação ao autocarro. Felizmente, nunca tivemos um acidente, mas aquela situação deixou todo mundo em alerta e acredito que já há mais precaução dos munícipes e dos proprietários dos barcos. Nos dias de mau tempo é assustador andar nas pequenas embarcações, mas não temos outras alternativas, uma vez que nem sempre os grandes andam. As medidas de segurança foram reforçadas e assim é possível se evitar futuras tragédias”.

Tomás Manuel considera que viajar nas pequenas embarcações é sinônimo de se expor ao perigo. Manuel elogiou a postura dos operadores dos barcos no que toca à lotação dos barcos e pede ao Governo a reabilitação da ponte cais da Cidade de Maxixe.

“Os barcos grandes são seguros, mas andam sempre avariados. Na ausência das grandes embarcações é obrigatório fazer a travessia através dos barcos pequenos, que por sua vez não são seguros. Viajar nestes barcos é o mesmo que se entregar ao perigo. O perigo já faz parte do nosso quotidiano, uma vez que quase todos os dias apanhamos barcos. Os barcos nunca carregam acima da sua capacidade. Há um controlo rigoroso por parte dos donos das embarcações. Entretanto, a ponte cais clama por reabilitação. Em algumas partes a madeira já está podre e isso é bastante perigoso”.

 

Ponte cais de Maxixe e Inhambane sem barcos para o salvamento

 

Ao contrário de Tomás Manuel, que prefere as pequenas embarcações por serem mais rápidas, Judite Malombele escolhe as grandes embarcações para fazer a travessia, justificando que são os mais seguros, porém critica o facto dos mesmos estarem avariados.

“Desde que comecei a trabalhar em Inhambane viajo sempre nas grandes embarcações. Tenho medo de viajar naqueles pequenos porque não são seguros. Por vezes, sou obrigada a andar de autocarro porque nem sempre os barcos grandes estão operacionais devido a constantes avarias. O Governo deve aumentar os barcos, não podemos depender apenas dos operadores privados para fazer a travessia”.

As duas pontes cais não possuem embarcações destinadas ao salvamento das pessoas em caso de acidente e muito menos um corpo de salvação disponível para socorrer as pessoas. No entanto, os funcionários da capitania desvalorizam esta situação, justificando não haver registo de naufrágio naquele ponto do país.

Aliás, a fonte disse que houve um acidente num passado recente, mas garantiu que não foi devido a avaria do barco ou superlotação, garantindo que foi por culpa da agitação das pessoas no momento de descer do barco.

“Assim que houve naufrágio na Ilha de Moçambique não significa que vai acontecer a mesma coisa em Maxixe ou Inhambane. Não digo que não vai acontecer. Aqui seguimos todas as medidas de segurança. Os barcos nunca ultrapassam a sua capacidade. Essas pequenas embarcações são muito seguras e nunca tiveram acidentes. No passado tivemos registo de um acidente, não foi no altar mar, foi quando as pessoas se agitaram na hora de descer. As autoridades têm sido implacáveis na vigilância e isso é de salutar”, declarou João Carlos.

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