Um nome sonante quando se trata de literatura moçambicana, Eduardo Quive, escritor e jornalista moçambicano, acaba de anunciar a chegada de mais uma obra literária intitulada “Mutilada”, sob a chancela da Catalogus. O seu lançamento está previsto para dia 15 de corrente mês, no Centro Cultural Franco-Moçambicano (CCFM), em Maputo, pontualmente as 17 horas.
Elísio Nuvunga
Em Mutiladas, Quive, como habitual, procura narrar estórias sobre o quotidiano das famílias moçambicanas. A obra explora o universo feminino (mulheres), vida urbana e o exercício das suas memórias numa viagem literária de forma, intensa e provocadora. As personagens “Mutiladas” refletem uma sociedade de tragédias diárias, onde a violência e. Indiferença se transformaram num manifesto de desumanidade.
A produção do livro teve sua génese nos anos 2022-2023, especialmente em setembro de 2022 durante a sua estadia em Portugal, numa residência literária. A inspiração por detrás da obra justifica-se pelo meio inserido no seu dia-a-dia, segundo conta.
“Depois de um tempo ao reler meus textos reconheci o quão o quotidiano foi moldando, a violência na nossa sociedade, o quão ela acontece de forma gratuita quase inconsciente, estamos familiarizados nela já que não nos assuata, mas também a violência à mulher , por exemplo, ou aquela que envolve crianças”, lê-se na nota de imprensa.
Mutiladas convida a todos amantes da literatura e o público em geral a se identificar com as realidades que se desenrolam e consequentemente levando os leitores a se identificarem ou refletir sobre o dia-a-dia. Para o autor, é secundário a sua compreensão, mas sim compreender o mundo.
“Esperar alguma coisa em literatura já é muito. Se o leitor poder rever as relações humanas já é bom. Que lhe ocorram as notícias, acontecimentos, lugares, pessoas. Como escritor não posso querer que me compreendam, quero que cada um e no tempo em que nos encontramos e fique intrigado com a controvérsia entre os nossos discurso, hábitos e actos. Como em cada sorriso se esconde uma lágrima, para dar um simples exemplo: entro num comboio às 6 horas, já essa hora, as pessoas em pé num no sono profundo, mulheres sobretudo”, sublinha
Como qualquer escritor, ler, reler e gostar das suas próprias obras é um exercício quase que impossível e, Quive faz parte desse universo de desafios.
“A decisão de publicar um livro para mim é a parte mais desafiadora de quem escreve porque, comigo é assim, o texto tem de exigir ser lido por outros, as personagens tem de querer falar e se reaver aos outros. Posso dizer que este livro é duro, um pouco pesado, até porque encontra as bases na violência, nos sonhos estilhaçados, na fragmentação, na precariedade, degradação. O desafio foi lê-los com os olhos de um provável leitor e perceber que talvez os narradores foram cruéis ao não suavizar, ao não dar explicações aos vários acontecimentos”, conclui.
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