Assédio sexual: Mulheres juntam-se para desenvolver sistema de denúncia em tempo recorde

SOCIEDADE

Em Moçambique, o assédio sexual continua a fazer vítimas, sendo que o grosso das mesmas continua a sofrer no silencio por desconhecimento das normas. Com vista a estimular a denúncia de casos de assédio sexual, a Associação de Mulheres para o Desenvolvimento Comunitário (AMPDC) anunciou, recentemente, a criação de um sistema que permite que as vítimas façam denúncias em tempo recorde e, sobretudo, aprimorar os mecanismos de denúncias. De acordo com a AMPDC, esta iniciativa surge em resposta à denúncia de uma rapariga que foi assediada pelo seu cunhado e desconhecia os mecanismos de denúncias.

 

Jossias Sixpence-Beira

 

O assédio sexual é definido, de forma geral, como o constrangimento com conotação sexual. Para além da escola ou locais de trabalhos, há relatos que os casos são mais gritantes no seio da família, onde as vítimas tendem, cada vez mais, a abraçar o silêncio e os casos mais gritantes de assédio acontecem com os parentes que as vítimas são dependentes.

 

A título de exemplo, na Cidade da Beira, província de Sofala, uma rapariga foi assediada pelo cunhado durante dois anos e sofria em silêncio por desconhecer os mecanismos de denúncia. A vítima viu-se obrigada a interromper os estudos em virtude de ter sido mandada embora de casa pela sua irmã 

 

“Vim à Beira há dois anos para estudar, mas antes da minha vinda a família reuniu e concluíram que tenho que estar em casa da minha irmã que vive juntamente com o seu esposo e dois filhos menores. Com consentimento do meu cunhado, meses depois comecei a notar comportamento estranho do meu cunhado que até algumas vezes me convidava para sair. Perante essa situação tenho medo de contar a minha irmã, e pelo que eu conheço a minha mãe se for lhe contar pode não saber conter os ânimos, estou me roendo no silêncio há quase 2 anos, sem saber o que fazer”, narrou Maria António (nome feitiço).

 

Maria faz parte da lista das raparigas que são assediadas e abraçam o silêncio por desconhecer os mecanismos de denúncia. Para quebrar esta barreira, a Associação de Mulheres para o Desenvolvimento Comunitário (AMPDC) pretende criar um sistema que permitirá que qualquer denúncia relacionada com assédio sexual ou qualquer caso de violência baseada no género tenha resposta atempada.

 

“Estamos a desenvolver um sistema que vai de alguma forma permitir que o lesado ou a pessoa próxima faça uma denúncia em tempo recorde e esse sistema está sendo experimentado actualmente e já se fez o lançamento piloto ao nível da província de Sofala e de Manica com algumas instituições representativas ao nível do Governo e marcamos audiências com ministérios de Justiça e Saúde para fazer uma demonstração de ver como que eles podem de alguma maneira criar sinergias para termos um único sistema que possa ser funcionar e adequado para todos problemas relacionados com os casos de denúncias de violência baseado do género e assédio sexual e a forma que são encaminhados os casos, os mecanismos não são eficientes não que não seja dado alguma satisfação ou resposta mas não são eficientes porque muitas pessoas que passam por essa situação quando começam a pensar que primeiro vai para polícia e número de vezes para interrogatório para auferir a veracidade dos factos acabam desistindo”, disse Ângela Jorge, representante da AMPDC.

 

Por sua vez, o analista Político e social Wilker Dias diz que os casos de assédio sexual ou qualquer acto de violência baseada no género que acontece no seio de uma família são ignorados com a desculpa de que uma denúncia pode dividir a família.

 

“Existem muitos casos de assédio e diferentes tipos de violência baseado no género que ocorrem nas famílias onde têm tido dificuldade de identificar os mecanismos de denúncias por se tratar de casos sensíveis que as vítimas sofrem com os seus dependentes em algumas vezes. A maioria das vítimas de abuso sexual permanece em silêncio, muitas vezes por se sentir culpada e impotente, as vezes, quando o molestador é um membro da família, elas acreditam que, ao dizer a alguém, poderão dividir sua família com isso podem optar no silencio” disse Wilker Dias

 

O Governo reconheceu haver disparidade das informações e encoraja a criação do sistema para harmonizar e melhorar a comunicação para aprimorar o processo de comunicação de diversos sectores

 

“Para nós este sistema será mais-valia porque irá auxiliar e aprimorar o mecanismo de denúncias, e evitar a disparidade de informações, e criará harmonização de informações que de certeza contribuirá para melhorar o mecanismo de denúncias” disse Graciana Pita directora provincial de género, criança e acção social.

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