DJ Faya eterniza obra prima da cantora Zaida Chongo

CULTURA
  • “Drenagem” ganha nova vida

O promotor cultural, Fayaz Abdul Hamide, popularmente tratado por DJ Faya, acaba de dar uma nova vida à música “Drenagem” da saudosa cantora e bailarina moçambicana Zaida Chongo. Para tal feito, Faya juntou no estúdio os filhos de Zaida e Carlos Chongo, Tanya e Nelson Chongo, para uma recriação daquela que é uma das principais obras primas da cantora, que contou com a produção do Mito, e já se encontra disponível em todas as plataformas digitais.

Elísio Nuvunga

Em conversa com o Evideencias, DJ Faya conta qua a iniciativa surge no quadro da celebração dos seus 20 anos de carreira, que coincide com os 20 anos do desaparecimento físico da artista, que contribuiu significativamente para a cultura nacional, não só com dança e voz como também com suas mensagens de conscientização, sobretudo vários assuntos do quotidiano, dentre os quais sobre o aborto que é explorado na música “Drenagem”.

“É uma homenagem para ela, por tudo que ela fez pela cultura moçambicana, em especial à música. É um projecto que faz parte do percurso dos 20 anos de carreira que vou completar este ano e posteriormente haverá espetáculo. Coincide também com os 20 anos de desaparecimento físico de Zaida. A música tem uma mensagem muito forte, uma campanha também de apelo e conscientização às mulheres sobre a questão do aborto”, disse.

Faya classifica positivamente a colaboração com a dupla de irmãos Tanya e Nelson Chongo, que, segundo ele, “aderiram logo a ideia”, emprestando à colaboração a sua experiência na produção musical, o que trouxe mais confiança.

No seu entender, os irmãos acreditaram desde o início que “sairia um produto final perfeito”, faltando apenas a produção de videoclipe oficial.

Doravante, DJ Faya cogita seriamente trabalhar em outras homenagens de artistas que já partiram, mas também os que ainda estão em vida, como uma forma de robustecer a cultura nacional, em especial à música.

“A ideia é continuar a recriar músicas moçambicanas, não é um compromisso, mas se cada um fizer a sua parte, a música é que vence com isto. E ainda este ano vamos fazer mais músicas de artistas que já não fazem parte do nosso mundo e dos que estão vivos. É importante homenagear também os que estão vivos”, sublinhou.

Já os filhos do casal Zaida e Carlos Chongo, por sinal também artistas (dupla) há sensivelmente oito anos, partilharam a sua gratidão e emoção pela iniciativa de Fayaz Hamide, de eternizar a vida e obra da Zaida.

“Tenho que agradecer ao DJ Faya por homenagear meus pais, principalmente a Zaida Chongo, pela passagem dos 20 anos (do seu passamento). É algo que já vinha falando comigo mesmo e há seis anos tinha esse projecto. Nós pensávamos que somos nós só que temos esse sentimento pelos nossos pais, mas há artistas que pensam na Zaida Chongo, como DJ Faya, por exemplo, que ao invés de falar ele fez a homenagem. Tenho muito que agradecer”, revelou Nelson Chongo.

Tamanha emoção também foi expressa por Tanya Chongo, que deu voz à nova vida de “Drenagem” da mãe no estúdio. Aliás, agradeceu a DJ Faya por tornar realidade um sonho que sempre teve.

“Eu tenho sentimento de gratidão com o DJ Faya, sabemos que é um artista renomado, uma das coisas que digo é que tenho gratidão por ele, porque está a fazer de coração, está a entregar-se de corpo e alma para que o projecto venha para o público. O sentimento de gratidão vai também para o Mito, que produziu a música. Quero agradecer mesmo por eternizar a nossa mãe”, destacou.

Sua gratidão não se limitou somente ao DJ Faya, como também usou do espaço para agradecer aos moçambicanos pelo reconhecimento das obras icónicas da sua falecida mãe, que fazem dela uma artista eternamente memorável.

“Zaida Chongo é uma artista que não vai ser esquecida, aliás Carlos e Zaida Chongo jamais serão esquecidos porque deixaram obras que tocam o coração dos moçambicanos. Até as crianças que nasceram após a morte do Carlos e Zaida podem contar alguma coisa sobre o casal, isso é muito emocionante, então isso significa que sempre estarão vivos para os moçambicanos. E mais uma vez agradecer ao DJ Faya e ao Mito pelo belo trabalho que já é um sucesso”.

Em tão pouco tempo a música recriada no ritmo amapiano, mas com fortes raízes dos ritmos nacionais, fura a fronteira sul-africana, segundo conta Tanya Chongo.

“Desde que a música foi lançada estamos a receber mensagens, chamadas, até de África do Sul, de pessoas renomadas que já trabalharam com os nossos pais, como General Muzika, Penny Penny e outros. Então, é muito bom quando há pessoas que se importam com imagem e cultura. Homenagear Zaida é valorizar a cultura no seu todo, porque Zaida representa toda música ligeira moçambicana”, sublinhou.

Vale salientar que Zaida Chongo nasceu na província de Gaza, cidade de Xai-Xai, a 17 de Junho de 1970, e veio a perder a vida coincidentemente no seu mês de nascimento (Junho) em 2004. São êxitos musicais da artista “Toma que te dou (1997)”, “Matekaway (2003)”, “Alfândega (1999)”, entre outros discos que marcam gerações.

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