Tratava-se de um evento alusivo à celebração da Faculdade de Veterinária da Universidade Eduardo Mondlane, mas Paulo Chiziane, escritora que dispensa qualquer tipo de apresentações, usou da palavra para falar da colonização tecnológica que Moçambique tem sido alvo nos últimos tempos. De acordo com Chiziane, os moçambicanos nada conhecem do seu próprio continente, mas se julgam que são alguma coisa.
No entender da conceituada escritora, Moçambique está a ser colonizado tecnologicamente, sendo que o grosso dos cientistas nascidos na pérola do indico não tem conhecimento da terra que os viu nascer.
“Estamos a absorver o ‘Google’ e a ‘internet’, que é o ocidente, das américas, mas nem conhecemos nada no nosso país. Pouco ou quase nada conhecemos do nosso próprio continente e julgamos que somos alguma coisa. Gente, nada somos! Gostaria de pedir para termos este instante, colocar o meu olho com a transcendência. Quando falo da transcendência, estou a falar daquilo que um dia iremos ser, uma comunidade livre, que sofre este colonialismo tecnológico e a que nos submetemos pensando que somos alguma coisa. Temos, sim! Isso é real, temos uma casa, temos um professor… temos, mas não somos”, declarou Paulina Chiziane, citada pelo Jornal O País.
Para contornar o actual cenário, a primeira moçambicana a vencer o Prêmio Camões defende que o país deve um olhar transcendente. “Eu não faço exercício de transcendência porque eu não me comunico com a minha consciência, porque eu não fortaleço o meu próprio ser. Eu tenho, mas eu não sou”, atirou.
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