Filipe Nyusi ainda não começou a se despedir dos moçambicanos

DESTAQUE POLÍTICA
  • A estas alturas, Guebuza e Chissano já haviam iniciado ritual de despedida
  • Guebuza e Chissano começaram a se despedir três meses antes das eleições
  • No dia 07 de Agosto, Filipe Nyusi vai proferir seu último informe sobre o Estado da Nação, mas…
  • Silêncio reforça tese de que não está preparado para sair e vai querer continuar via partido

Parece que, definitivamente, Filipe Nyusi ainda não assimilou a ideia de fim de reinado e ainda não está preparado para deixar a Presidência da República. Faltando apenas 24 dias para o arranque da campanha eleitoral e pouco mais de dois para as eleições, o Chefe de Estado ainda não iniciou o seu ritual de despedida, tal como fizeram os seus antecessores, Armando Guebuza e Joaquim Chissano, que começaram a se despedir e agradecer aos moçambicanos em todo o país faltando cerca de três meses do dia das eleições.

 

Como tem sido apanágio, quando chega o fim de ciclo, cerca de três meses antes das eleições, o Presidente da Repúblicas palmilha o país de lês a lês para se despedir dos moçambicanos e agradecer pela sua colaboração durante o ciclo de governação. Foi assim com Joaquim Chissano e Armando Guebuza.

No entanto, Filipe Nyusi parece ainda não ter assimilado suficientemente a ideia de que irá deixar o poder em Janeiro próximo, pois ainda não iniciou as famosas visitas presidenciais para agradecimento e despedir os moçambicanos.

Em termos efectivos, o ciclo de governação encerra dentro de dias, de tal sorte que, em princípio, o Presidente da República, Filipe Nyusi, vai prestar o seu último Informe sobre o Estado Geral da Nação e balanço da Governação na Assembleia da República no próximo dia 07 de Agosto, por isso, neste momento, decorre uma engenharia para tentar tapar “buracos”.

É por isso que as greves que estavam a decorrer (dos médicos e profissionais da saúde, por exemplo) foram suspensas mesmo que não haja acordos. Na semana passada, o sector da educação iniciou o pagamento de água e energia nalgumas escolas em que esses serviços estavam cortados, tudo para estender a passarela para que o informe do dia 07 de Agosto não seja, por demais, embaraçoso para o Chefe de Estado, que se confronta com um país totalmente em caos, em todos sectores.

O Evidências tem estado a acompanhar atentamente as últimas deslocações de Filipe Nyusi pelo país e em nenhum dos seus discursos abordou de forma directa a sua saída, muito menos despediu-se das populações, ocupando-se tão somente de algumas inaugurações e posteriormente trabalho partidário.

Na semana finda, o Presidente da República trabalhou em Nampula. Durante cinco dias inaugurou um sistema de abastecimento de água e rede eléctrica do posto administrativo de Nihessiue, no distrito de Murrupula; lançou primeira pedra do Projecto de Construção do Porto de Pesca, no distrito de Angoche, e dirigiu a cerimónia de lançamento oficial das Operações Marítimas do CFM Logistics, no distrito de Nacala.

No princípio do mês prestes a findar, visitou Sofala, onde trabalhou na Beira e inaugurou o Edifício do Tribunal Superior de Recurso da Beira. Posteriormente, visitou os distritos de Machanga e Muanza, onde inaugurou novos edifícios dos Tribunais Judiciais distritais. Dias depois, o Presidente da República visitou Manica, onde, em quatro dias, também dedicou-se a inaugurações e limitados contactos com a população.

Nos contactos com a população, durante estas visitas, em nenhum momento despediu-se dos moçambicanos e muito menos fez o balanço da sua governação junto com a população, tal como fizeram seus antecessores.

Guebuza e Chissano despediram-se e fizeram balanço de governação de forma antecipada

Recorde-se que em 2014, o então Presidente da República, Armando Guebuza, iniciou a sua jornada de despedida em Julho e terminou um pouco antes do arranque da Campanha eleitoral, nos seus discursos de despedida, orgulhou-se de ter cumprida a sua missão de lutar contra a pobreza absoluta.

Aliás, nas suas deslocações às províncias, percorreu alguns distritos e em corridas “Presidências Abertas” despediu-se dos moçambicanos, mas antes abria espaço para, em conjunto com a população, medir o impacto da sua governação nos cerca de 10 anos em que esteve no poder.

Na ocasião, passava em revista os impactos de algumas políticas de governação como o Combate à Pobreza, o Fundo de Desenvolvimento Distrital, Presidências Abertas, entre várias outras iniciativas que, no seu entender, permitiram erradicar a pobreza absoluta, e o crescimento no domínio de infra-estruturas.

“Os sete milhões mudaram a vida de muitos moçambicanos, mas o facto de ainda não se ter definido completamente os mecanismos de reembolso não quer dizer que se encerre a alocação de fundos, tanto é que os níveis de amortização ganharam dinamismo com a intervenção e monitoria dos Conselhos Consultivos Locais”, disse Guebuza, no fim da sua última visita à província de Inhambane.

Joaquim Chissano (1986-2005) iniciou a sua jornada de despedida às 11 províncias do país em Setembro de 2024, ou seja, cerca de três meses antes das eleições, que naquele ano tiveram lugar em Dezembro.

Joaquim Chissano começou a visita na província de Cabo Delgado, Norte, de onde seguiu para Niassa, Nampula, Zambézia, Tete e Manica, e depois de um interregno escalou Sofala, Inhambane, Gaza, Maputo-província e cidade de Maputo. Nessas deslocações, para além de despedir-se dos moçambicanos, Chissano aproveitou para agradecer aos moçambicanos e com eles fazer o balanço dos seus 18 anos no poder.

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