GIFIM suspeita que mandantes dos raptos sejam oriundos da Ásia

DESTAQUE POLÍTICA
  • Há agentes das FDS, advogados, empregados bancários e magistrados envolvidos

Desde 2011 que as autoridades da lei e ordem não conseguem estancar a onda dos raptos no país, um flagelo que obrigou vários empresários de origem asiática a abandonar o país, fechando portas de várias empresas e deixando milhares de trabalhadores no desemprego. Num passado recente, a Procuradora-Geral da República, Beatriz Buchili, sem revelar as nacionalidades, revelou que os mandantes dos raptos estavam sediados na vizinha África do Sul. Entretanto, na última semana, o Gabinete de Informação Financeira de Moçambique (GIFIM) veio acrescentar mais um “acha”, revelando que os mandantes de crimes de raptos e sequestros são oriundos do continente asiático, tendo, por outro lado, apontado que os suspeitos têm antecedentes criminais e são maioritariamente nacionais ou têm nacionalidade adquirida.

Duarte Sitoe

Enquanto a Companhia Anti-raptos não sai da teoria para a prática, os grupos de crime organizado, com destaque para os raptos, continuam a exibir a sua musculatura nas principais cidades do país.

Recentemente, o Presidente da República, Filipe Nyusi, pediu às autoridades da lei e ordem para que apresentassem os rostos dos mandantes dos crimes de raptos e sequestros. Volvidos alguns dias depois do Chefe de Estado lançar o repto o Gabinete de Informação Financeira de Moçambique (GIFIM), sem revelar nomes e muito menos rostos, assegurou, através do Relatório de Análise Estratégica, saber quem são os indivíduos suspeitos de mandar raptar ou sequestrar empresários em Moçambique.

No documento que traz informações e relatórios referentes ao período entre 2014 e 2024, o GIFIM aponta que os supostos mandantes dos crimes de raptos no país são, maioritariamente, indivíduos nacionais ou com a nacionalidade adquirida, oriundos de países ou jurisdições da Ásia, com antecedentes criminais.

“São maioritariamente indivíduos nacionais ou com a nacionalidade adquirida, oriundos de países ou jurisdições da Ásia com a profissão de empresário e/ou comerciante e/ou seus familiares”, refere o relatório para posteriormente apontar que os suspeitos de executar os crimes de raptos e sequestros são também provenientes do continente asiático e não só: são ainda da África do Sul e de outras partes do mundo e possuem ou adquiriram nacionalidade moçambicano.

O Gabinete de Informação Financeira de Moçambique refere, por outro lado, que durante a elaboração do relatório encontrou indício do envolvimento dos membros das Forças de Defesa e Segurança, advogados, empregados bancários, supostos/pretensos empresários, magistrados nos crimes, entre outros, sendo que estes usam contas bancárias de familiares mais próximos ou a empresas por si controladas ou pelos seus familiares para movimentar dinheiro.

“Para efeitos de dissimulação, foram criadas várias empresas controladas por indivíduos e/ou grupo de indivíduos suspeitos, e abertas várias contas bancárias em diversas entidades financeiras da República de Moçambique, em nome das mesmas, que, através de múltiplos depósitos em numerário, introduziram fundos no sistema financeiro nacional, bem como realizaram transferências bancárias complexas entre si e com outras entidades”, revelou o GIFIM.

O Gabinete de Informação Financeira de Moçambique revelou ainda que as quantias resultantes da lavagem de dinheiro são enviadas para Dubai, Hong-Kong, Tailândia, Singapura, Portugal, Ilhas Maurícias e África do Sul, alguns deles tidos como paraísos fiscais.

Refira-se que Cidade de Maputo e Província de Maputo lideram isoladamente a estatística da ocorrência de raptos. Contudo, Manica, Sofala e Nampula também fazem parte do mapa de raptos.

Facebook Comments

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *