- Seria oportunidade de desenvolvimento económico e meio de subsistência alternativo?
A notícia está a ser celebrada com euforia por grupos que há muito clamam pela legalização da Canábis Sativa, em Moçambique conhecida por Suruma. O Presidente da República, Filipe Nyusi, rompendo pela primeira vez com o cepticismo em torno da mesma, defende que o país precisa de uma reflexão aprofundada e inclusiva sobre o desenvolvimento de políticas que regulam a legalização da cannabis sativa. Na mesma ocasião, o Chefe de Estado alertou que o tráfico e consumo ilícito de drogas potenciam o terrorismo.
É um debate antigo e cada vez mais presente em sociedades modernas, contando com adeptos e detratores. Muitas vezes associada a propriedades medicinais, a canábis sativa junta em Maputo especialistas de várias áreas do saber e domínios de países da África Oriental e Austral para um simpósio de dois dias.
O evento arrancou esta segunda-feira e no seu discurso de abertura Nyusi encarou o debate sobre a legalização da suruma de forma aberta, e sem rodeios tocou no ponto que muitos cépticos sempre evitaram. Afinal, acredita que com um estudo aprofundado é possível criar oportunidades de desenvolvimento económico e meios alternativos de subsistência para os produtores, traduzindo-se em ganhos para a economia do país.
“A prevenção e combate à droga exige uma coordenação intersectorial e transversal das autoridades competentes na aplicação da lei sobre drogas e a sociedade. Portanto, a presença de muitos países não é apenas para a troca de experiências, mas para encontrar mecanismos de como comunicar e juntos trabalharmos para esse fim”, disse Nyusi, para depois lembrar que o tráfico e consumo de drogas aumentam o risco de terrorismo.
“O tráfico e consumo ilícito de drogas destroem, prejudicam a saúde pessoal e familiar, afectam o tecido social, a economia e potenciam actividades criminosoasas, tais como o terrorismo, por isso estamos a viver isso, no Norte”, censurou Nyusi.
Por seu turno, a União Europeia, através do seu encarregado de negócios, Ricardo Rossi, considera que qualquer abordagem sobre a legalização da canábis deve ser baseada em evidências científicas e com respeito pelos direitos humanos e pela saúde pública.
“A potencial legalização da canábis introduz novas considerações a este panorama já complexo, apresentando oportunidades de desenvolvimento económico, meios de subsistência alternativos para os produtores e benefícios potenciais para a saúde. Levantam-se também questões pertinentes sobre a regulamentação, a saúde pública e aplicação da lei no combate ao tráfico ilícito e ao crime organizado”.
Os antigos presidentes da África do Sul, Kgalema Motlanthe, de Moçambique, Joaquim Chissano, e das Maurícias, Cassam Teem, na qualidade de comissários da África Oriental e Austral, participam no evento, que poderá produzir um posicionamento sobre a descriminalização do consumo da canábis nas duas regiões. Evidências/O País
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