- Nazir Lunat diz que SISE só trabalha para política e outros assuntos
A Comunidade Islâmica de Moçambique clama por medidas enérgicas para acabar com a onda de raptos em todo território nacional. Para o efeito, na última semana, através da Organização Islâmica de combate contra crime organizado e outros segmentos, reuniu-se com as instituições da justiça, nomeadamente, Provedor de Justiça e Polícia da República de Moçambique ao nível da Cidade de Maputo para falar do fenômeno, seus efeitos e propor soluções. À margem do encontro, um membro da Comunidade Islâmica de Moçambique identificado pelo nome Nazir Lunat contou o drama que viveu aquando do sequestro pai, tendo dito na ocasião que há elementos da alta patente do Estado moçambicano que estão envolvidos na indústria dos raptos.
Duarte Sitoe
Desde 2012 que o crime organizado, com destaque para os raptos, exibe a sua musculatura perante o olhar impávido das autoridades da lei e ordem. Este fenômeno já precipitou a saída de mais de 150 empresários do país.
Enquanto o Governo se desdobra com o objectivo de criar soluções para o problema que inquieta o empresariado nacional, nos últimos dias os raptores têm passeado a sua classe na Cidade de Maputo em plena luz do dia.
Esta situação preocupa sobremaneira a Comunidade Islâmica de Moçambique. E foi por isso que, na última semana, manteve um encontro com as instituições da justiça para falar do fenômeno, seus efeitos e propor soluções.
Durante o evento, Nazir Lunat, membro da Comunidade Islâmica de Moçambique, contou o drama que viveu aquando do sequestro do pai, tendo referido que o raptor exigiu um resgate milionário de 10 milhões de dólares.
“O meu pai foi raptado quando saiu da mesquita e a primeira ameaça que recebemos foi o pagamento de 10 milhões de dólares. Hoje estou a abrir o jogo, eu até contactei secretas internacionais para libertar o meu pai. Quando uma pessoa sente na pele é o que eu falei para o comandante, se fosse o seu pai, seu filho não ia agir como esta agir comigo, mas se estão errados é para eu dizer, não é para ficar calado, se querem matar, matem-me, não há problema, estou pronto para morrer, mas vou morrer pela causa do meu país”, contou Nazir Lunat visualmente emocionado.
Com o progenitor em parte incerta e perante a ameaças, desesperado, Lunat contactou os Serviços Secretos dos Estados Unidos da América quando percebeu que estava a perceber tempo com as reuniões regulares com os elementos destacados pelo Comandante-geral da Polícia da República de Moçambique.
“Reunimos a família, eu já fui deputado e tenho relações com altas individualidades do Estado. Eu posso ser indiano pela cor, mas sou moçambicano, não sou negro pela minha cor, mas sou moçambicano. Contactei com o comandante na altura, fui falar depois com o Primeiro-ministro. Depois me apresentou o comandante nacional, fui a casa do comandante falar com ele e foi nomeada uma equipa de 12 a 18 pessoas. Eles vinham se reunir comigo todos dias, tenho os nomes das pessoas e tudo. Depois de 18 dias cheguei à conclusão: estou a perder tempo”, declarou para posteriormente referir que “O SISE não trabalha para pessoas só trabalha para a política e outros assuntos deles e quando pagamos a primeira prestação dia recebi chamada para ir ao SERNIC para dizer quando vocês pagaram”, relatou.
“Os elementos do Governo estão envolvidos com sindicatos de raptos”
Despido do medo, Nazir Lunat revelou que há elementos da alta patente do Estado que estão envolvidos na indústria dos raptos, tendo referido que não está contra a Frelimo.
“Os elementos do Governo estão envolvidos com sindicatos de raptos, não estou a dizer que todos os elementos do Estado estão envolvidos, mas que é verdade que são elementos da alta patente do Estado, é a realidade. Nós não estamos contra a Frelimo, não façam para as eleições, façam com realidade e com sentimento moçambicano”.
Perante a verdade nua e cristalina que saiu da boca do membro da Comunidade Islâmica de Moçambique, o Comandante da Polícia da República de Moçambique na Cidade de Maputo, por sua vez, mostrou-se preocupado e referir que o que foi falado durante o encontro será transformado em matrizes para pormos a nossa força a trabalhar.
Refira-se que, de acordo com a Confederação das Associações Económicas de Moçambique, a indústria de raptos já movimentou mais de dois milhões de dólares.

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