No seu Último Informe Anual, proferido recentemente, o Presidente da República, Filipe Nyusi, reconheceu que durante o seu ciclo de governação não conseguiu resolver o problema dos raptos. Relativamente os mandantes dos raptos e sequestros, o conceituado escritor Mia Couto observou que “apanha-se aquilo que é peixe miúdo, mas o peixe graúdo não é visível”.
O crime organizado, com destaque para os raptos, continua a exibir a sua musculatura perante o olhar impávido as autoridades da lei e ordem nas principais cidades do país.
Falando do fenômeno que já precipitou a saída de mais de 150 empresários do país, Mia Couto referiu que o actual Governo não cumpriu com a promessa de apresentar os supostos mandantes, tendo observado que os barões desde negócio lucrativo continuam em liberdade.
“Acho que houve um certo desleixo, exactamente porque parece que é uma coisa que está ali e está confinada a um certo tipo de comunidade, mas é uma vergonha, no sentido de como é que a reacção parece pouco displicente. Não há promessa de que se vai exibir os mandantes. Essa promessa vai como o resto: apanha-se aquilo que é peixe miúdo, mas o peixe graúdo não é visível”, disse Mia Couto numa entrevista concedida a STV.
O conceituado escritor não perdeu a oportunidade para lançar duras críticas ao aumento de 18% de milionários nos últimos 10 anos num país de gente muito pobre.
. “Parece que se perdeu a vergonha de mostrar que eu sou muito rico num país de gente muito pobre e essa minha riqueza nem sempre terá vindo… Desde que me lembre, eu trabalho, e não tenho possibilidades dessa riqueza. Se a tivesse, eu gostaria de ter. Teria um certo pudor em exibir de maneira como se exibe. E criou-se a ideia de que só se é cidadão se for assim, se for rico”, rematou Mia Couto para posteriormente criticar a postura de alguns governantes que pedem sacrifícios ao povo, mas não são os primeiros a dar o exemplo.

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