- Depois de 8 dias desaparecido em que tentou sem sucesso simular encontros
- Daniel Chapo quer recursos naturais a promoverem desenvolvimento
- Venâncio Mondlane promete criar estatuto do combatente
- Lutero Simango pretende acabar com a descriminação, exclusão e o alto custo de vida
Os partidos políticos e os seus candidatos continuam empenhados em divulgar os seus manifestos eleitorais com objectivo de convencerem os moçambicanos que são a melhor aposta para dirigir os destinos do país depois de 10 anos de governação desastrosa de Filipe Nyusi. Depois de não ter dado as caras nos primeiros dias da campanha e com a crescente crítica, Ossufo Momade decidiu reaparecer, depois de uma tentativa falhada de evidenciar que estava realmente a fazer trabalho político no exterior. Na sua primeira aparição pública, este Domingo, o candidato da Renamo garantiu que, caso seja eleito, vai mostrar como é que se governa, tendo por isso pedido oportunidade aos moçambicanos para mostrar como governar. Enquanto isso, Daniel Chapo, candidato da Frelimo, que voltou a ter banhos de multidão, em Macanga (Tete) e Gondola (Manica), fez questão de vincar que entre os quatro é o “motorista” mais experiente, para depois promover o acesso à habitação e emprego, pretende estimular o desenvolvimento do país através dos recursos minerais cujos ganhos, na sua opinião, devem voltar à província para estimular o desenvolvimento local. Venâncio Mondlane, que também tomou banhos de multidão em Quelimane e Morrumbala, na Zambézia, prometeu emprego aos jovens e criar estatuto do combatente mais abrangente para acabar com a miséria que vivem os ex-guerrilheiros da Renamo. Por sua vez, o MDM prometeu, mais uma vez, melhorar a vida dos moçambicanos e acabar com a discriminação.
Duarte Sitoe
A campanha eleitoral tendo em vista as eleições gerais de Outubro próximo continua ao rubro. Depois de ter andado ausente nos primeiros dias da campanha, Ossufo Momade reapareceu para dar a conhecer o seu manifesto eleitoral aos moçambicanos.
Antes de reaparecer sem dizer se estava numa viagem de trabalho, lazer ou a tratar de questões de saúde, a sua assessoria de imprensa, pressionada pela crítica, meteu os pés pelas mãos postando nas suas redes sociais fotos do alegado encontro de trabalho na Europa. O que não sabiam é que a Inteligência Artificial permite fazer a verificação da autenticidade das imagens e o tempo em que foram colocadas pela primeira vez na Internet.
Com efeito, o Evidências, recorrendo à Inteligência Artificial, descobriu que, afinal, as imagens que estavam publicadas no Facebook e no X eram, na verdade, de 05 de Dezembro de 2019. Após a denúncia pública do acto, imediatamente, as fotos foram removidas das redes sociais.
O candidato da Renamo à Presidência da República escolheu a província de Nampula como local do primeiro tiro este domingo, antes mesmo do ponto de partida na maratona da caça, esta segunda-feira em Cuamba, Niassa. Na apelidada capital da zona norte, Ossufo Momade garantiu que pretende mostrar aos moçambicanos como se governa e, por isso, pediu oportunidade aos moçambicanos para ser confiado os destinos do país pelos próximos cinco anos.
Momade referiu que nas eleições que já estão à porta a Renamo não vai falhar e defendeu que é preciso fazer reformas na Função Pública, combater a corrupção e apostar na agricultura mecanizada, de modo a desenvolver o país.
“Convido os professores, médicos e enfermeiros a votarem em mim e na Renamo, para resolvermos os vossos problemas. Esteve Chissano, prometeu futuro melhor. Veio Guebuza, dizendo que ia combater a corrupção e não fez nada. Nyusi vai sair pela porta pequena. Está a deixar o país mais pobre, está a deixar o país sem hospitais e sem escolas”, disse o candidato do maior partido da oposição em Moçambique.
Ainda na tentativa de convencer o eleitorado, Ossufo Momade referiu que a sua governação vai centrar-se na elevação da consciência da cidadania moçambicana, respeito pela lei e pelas instituições do Estado.
Daniel Chapo pretende devolver à província o dinheiro gerado pelos recursos naturais
Depois da província de Sofala, o candidato da Frelimo, Daniel Chapo, escalou as províncias de Tete e Manica para dar continuidade ao périplo da caça ao voto. Em Tete e Manica, Daniel Chapo deu provas de popularidade, com comícios concorridos por milhares de pessoas, lotando campos de futebol e praças públicas.
No comício que dirigiu no distrito de Chitima, arredores da província de Tete, Daniel Chapo falou da sua experiência de governação, garantindo que é pelo sucesso que teve no trabalho como administrador que foi enviado a Palma, província de Cabo Delgado, onde havia o desafio de se realizar o reassentamento para dar lugar aos megaprojectos de exploração do gás natural, sendo que depois disso foi enviado a Inhambane, já como Governador.
O candidato da Frelimo, que referiu que acredita que foi pelo seu percurso que foi escolhido pelo partido para se candidatar ao cargo de Presidente da República, pois tiveram em conta a sua experiência de governação bem sucedida, considera-se um motorista experiente, ao contrário dos outros candidatos que não têm nenhuma experiência de governação. A mesma coisa disse na cidade de Tete e no distrito de Macanga, em comícios que não havia nem sequer espaço para uma agulha.
“Juntos, não tenho dúvidas, vamos transformar Tete, vamos desenvolver o nosso país. Os pais fundadores cumpriram a sua missão. Agora, nós, do pós-independência, devemos levar avante o nosso país, com o envolvimento de todos os segmentos e estratos sociais, desde jovens, mulheres, os nossos mais velhos, profissionais especializados, força de trabalho não especializada e, em uma palavra, todos, todos, todos”, sublinhou.
Já este domingo, chegou à província de Manica e trabalhou nos distritos de Manica, Vanduzi e Gondola, onde prometeu organizar os garimpeiros em associações, facilitar a concessão de licenças para exploração do ouro e responsabilizar empresas exploradoras que maltratam o povo e não cumprem com a responsabilidade social.
Com toda população de Gondola praticamente no mesmo lugar, Chapo prometeu construir hospital, expandir energia eléctrica, mais águas e carteiras nas escolas.
Venâncio Mondlane promete criar estatuto do combatente
No rol das promessas, Daniel Chapo prometeu restaurar a paz em todo território nacional, visto que considera os ataques terroristas em Cabo Delgado um ataque a todo o país, tendo ainda garantido que a grande prioridade da sua governação será o desenvolvimento do capital humano, com particular atenção para os jovens que têm o emprego como uma grande preocupação.
Por outro lado, Chapo, para além da habitação e acabar com a corrupção, prometeu usar os recursos colectados das empresas que exploram os recursos minerais em Tete para o desenvolvimento e apostar na agricultura para que os jovens que vivem em Tete trabalhem nas grandes firmas e indústrias de processamento que deverão ser instalados nos distritos com elevado potencial agrícola.
Por sua vez, Venâncio Mondlane, cuja candidatura é suportada pelo PODEMOS, escalou a província da Zambézia, onde prometeu emprego aos jovens e criar estatuto do combatente.
“Vamos criar um estatuto do combatente, seja ele da luta de libertação, da luta da democracia ou os jovens que estão em Cabo Delgado, todos eles vão ser considerados combatentes da mesma maneira. Também quero garantir a esses combatentes que todos os seus filhos, o Estado vai assumir para dar bolsas de estudo a todos eles para não pagarem nada na escola”, referiu Venâncio Mondlane
Em caso de ser o candidato mais votado nas eleições de Outubro próximo, Mondlane prometeu emprego aos jovens e estimular o desenvolvimento do país através dos recursos naturais.
“Não queremos um país onde o filho vai à escola, mas para ter emprego o pai tem que pedir emprestado 10 ou 20 mil para pagar o emprego para o seu filho, isso acabou. Não queremos também um país em que se fecham hospitais, escolas e outros serviços apenas para receber o presidente de um partido. Um país que diz ser rico, que tem ouro, diamante, gás, mas não vemos, de manhã, no prato, esse gás é esse petróleo. Queremos ver as riquezas no almoço, no jantar e cada dia das nossas vidas”.
Lutero Simango pretende acabar com a descriminação, exclusão e o alto custo de vida
Quem também prometeu melhorar a vida dos moçambicanos foi o candidato do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), Lutero Simango, que escalou a província de Sofala.
Em caso de chegar à Ponta Vermelha, Simango pretende acabar com a descriminação, exclusão e o alto custo de vida, por sinal, legado deixado por um governo de geração de mentiras, falsidades e incompetência a mais de 40 anos.
Ainda no rol das promessas, o candidato do MDM prometeu construir casa de agricultores, aumentar o valor da pensão dos idosos dos actuais 600 meticais para 1200 meticais, inclusão no projecto de exploração de gás, restauração dos escombros do ciclone IDAI.
No entender de Lutero Simango, os moçambicanos devem apostar no seu manifesto eleitoral, visto que pretende melhorar a vida dos mesmos.
Em Maputo, o porta-voz da terceira maior força política do país, Ismael Nhacucue, garantiu que em caso de ser eleito Lutero Simango vai organizar o comércio informal, bem como prover condições de financiamento de projectos de jovens.
“O nosso grande objectivo é melhorar cada vez mais a qualidade de vida dos moçambicanos. Com isso, vamos organizar o comércio informal e todos os que nele estão inseridos. Nós sabemos que a nossa economia é basicamente informal. Vamos assegurar que este negócio se torne cada vez mais formal e, desta forma, garantir que todos os moçambicanos tenham pós-reforma garantida”, Nhacucue.
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