“Mesmo durante o período da guerra dos 16 anos havia arranjos institucionais que levavam o livro em tempo útil”

DESTAQUE POLÍTICA
  • Em meio a campanha, candidato encontrou tempo para responder a uma carta aberta
  • Chapo critica atrasos na distribuição dos livros escolares

Faltam escassos meses para o término do ano lectivo escolar, sem que os alunos, sobretudo da terceira e sexta classes, tenham recebido livros de distribuição gratuita. Os livros da segunda classe só chegaram às escolas na última quinzena de Agosto do corrente ano, o que de certa forma condicionou o processo de ensino e aprendizagem. Semana finda, o jornalista Rui Lamarques enviou, através das redes sociais e reproduzida no Jornal Evidências, uma carta aberta ao candidato presidencial da Frelimo, Daniel Chapo, na qual, dentre vários aspectos, levantou problemas que enfermam o factor da educação em Moçambique. Num raro momento de elevação da democracia, apesar do “corre-corre” da campanha, Chapo “arranjou” um tempo para ler atentamente a carta aberta a si endereçada e respondeu ponto a ponto. Sobre o sector da educação, mostrou-se preocupado com o atraso da destruição dos manuais e para selar a sua indignação lembrou que “mesmo durante o período da guerra dos 16 anos havia arranjos institucionais que levavam o livro em tempo útil”.

Duarte Sitoe

Numa carta aberta bastante contundente, em que expõe a nu os principais problemas de governação no país, Rui Lamarques, jornalista e director executivo do Mídia Lab, criticou o actual estágio da educação em Moçambique, que, no seu entender, deriva do problema da governação, e procurou compreender a visão daquele que é o candidato do partido no poder.

O escândalo mais recente do livro escolar provou que quer a selecção dos especialistas, quer a selecção das editoras tem sido viciadas a partir do MINEDH, fazendo com que livros com erros e/conteúdos mal elaborados entrem para o sistema do ensino. Portanto, a porta para a precariedade dos conteúdos dos livros é o MINEDH. Este não é um problema de fundos em si, se são provenientes dos parceiros ou do governo. É um problema de governação do sector. Aliás, o argumento de que a educação se resolve apenas com a redução da dependência de financiamento externo é bastante reducionista. O problema do sector não é meramente financeiro, é acima de tudo um problema de governação”, lê-se na carta aberta que Lamarques escreveu para Daniel Chapo publicada na edição passada do Jornal Evidências.

Quando se esperava que podia ser mais uma das milhares de cartas abertas endereçadas a figuras políticas, mas que preferiram fazer ouvidos de mercador, o candidato da Frelimo, apesar de estar num frenesim por causa da campanha, não perdeu oportunidade para dar uma resposta, tendo dado mão a palmatória e reconhecer que o sector não atravessa um bom momento.

Para selar a sua indignação pelo estado das coisas, Chapo lembrou que mesmo na época da guerra civil, quando vários corredores logísticos estavam interrompidos ou condicionados, os livros chegavam a tempo e hora nas escolas.

Preocupa-me muito que a produção e distribuição do livro escolar continue envolta em problemas que podem ser resolvidos com melhor planificação, melhor avaliação de risco e maior rigor na gestão dos processos. Não estarei a mentir se disser que mesmo durante o período da guerra dos 16 anos havia arranjos institucionais que levavam o livro, em tempo útil, para todo o país. A estabilização da situação será uma das maiores prioridades do meu Governo, caso seja eleito. E a experiência que tenho de trabalho prático no distrito e na província coloca-me em posição de melhor superintender a procura da melhor solução a este e outros problemas e desafios”, referiu Daniel Chapo.

“Saúde e educação, tenho estado a dizer, serão áreas-chave do meu governo”

Relativamente ao sector da saúde, Rui Lamarques apontou que o mesmo continua crítico e pediu ao candidato da Frelimo planos para garantir um Sistema Nacional de Saúde robusto e acessível para todos.

Na sua resposta, Daniel Chapo garantiu que vai buscar soluções arrojadas para melhorar o sector da saúde.

“Implementar reformas no Sistema Nacional de Saúde, que garantam a melhoria da assistência em saúde aos cidadãos, investindo na expansão, manutenção e modernização da rede sanitária, é um dos meus compromissos com o povo moçambicano, caso me seja confiado o cargo de Presidente da República. A gestão moderna, eficiente e eficaz do sistema de saúde, seja ela feita por gestores com formações noutras áreas ou mesmo em saúde, é nisso imprescindível. Em homenagem aos princípios da inclusão governativa e da especialidade, buscaremos soluções arrojadas e sustentáveis para o nosso sistema de saúde, com o envolvimento de médicos, enfermeiros, gestores hospitalares, sociedade civil e outros actores. A saúde e a educação, tenho estado a dizer, serão áreas-chave do meu governo”, prometeu Chapo.

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