- Foi detido no quartel por condenar má actuação e violência da polícia
A esposa de um militar das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM), detido, há dias, após viralizar nas redes sociais um vídeo em que mostra apoio às manifestações e condena a actuação violenta da Policia da República de Moçambique (PRM), acaba de romper o silêncio para revelar que o seu marido continua encarcerado no quartel da Base Aérea, na cidade de Maputo, sem direito a visita e pode estar a sofrer tortura psicológica. Aos moçambicanos, a jovem pede apoio para conseguir urgentemente a soltura do marido que não foi ainda apresentado a nenhum juiz. Conta que a última e única vez que viu seu marido ostentava sinais de debilidade física e psicológica, o que pode ser resultado de tortura.
Elisio Nuvunga
Após confirmar ao Evidências a detenção do seu marido, Maria (nome fictício para preservar a sua identidade) disse não ter muitas informações sobre o marido, aliás as poucas que tem são partilhadas pelos colegas dele.
Quando o viu, por sinal uma e única vez, conta que estava debilitado física e psicologicamente, por isso pede a soltura do seu homem. Aliás, não tem dúvidas de que este é inocente, pois foi encarcerado simplesmente por ter condenado a má actuação e violência policial.
“Quero pedir ajuda a quem de direito porque meu esposo está preso desde aquele dia que fez o vídeo, ele está lá retido até hoje e eles não dizem nada. Eu estou preocupada com ele. Para ter alguma informação sobre ele tenho que falar com alguns colegas dele. Só lhe vi um dia e ele está debilitado, ele não está bom psicologicamente. Por favor, peço ajuda, meu marido não cometeu nenhum crime. Ele simplesmente repudiou a má actuação da polícia e algumas coisas que ele falou no vídeo”, desabafou.
A detenção do jovem militar foi precipitada pelo vídeo por si partilhado nas redes sociais, sem reservas ou seja sem esconder seu rosto.
O homem das FADM criticava a postura violenta dos agentes da PRM para com os manifestantes. Por outro lado, apesar da farda, manifestou total apoio ao povo que se manifesta até hoje, alegando que as manifestações são justas por isso apoia-as em nome dos moçambicanos que lutam pela melhoria e desenvolvimento do país.
“Estou com o povo porque eu sou povo. Estamos a organizar o país. Este país é de jovens, mano. Agora é o tempo de deixarmos o medo de lado, nos unirmos todos como moçambicanos. Se é para salvar Moçambique, vamos todos (…)”, disse o jovem detido.
Horas antes da sua detenção, com recurso a um áudio, o militar anunciou que em caso do seu desaparecimento/sumiço, estaria encarcerado nas celas e apelou aos moçambicanos manterem-se firmes com as manifestações para alcançar “o que há muito almejam, apesar de perseguição, pois, é tudo pela causa dos moçambicanos.
“Família, todas acções tem suas consequências, ontem aqui no grupo publiquei um vídeo e falei o que tinha no coração se quiserem posso falar novamente e não me arrependo por isso (…) me juntei pela causa e pelo futuro dos meus filhos para Moçambique independente da verdade. As indicações superiores disseram que depois de ser rendido vou directamente na sela. Estou calmo sei que é pela causa de Moçambique, irmãos continuem não levem isso como intimidação, ganhem mais forças porque o medo não vos libertar”, desabafou.
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