Pelo menos um morto e seis feridos é o balanço preliminar de uma mega operação levada a cabo ao princípio desta noite por várias unidades da Polícia da República de Moçambique (PRM) na vila fronteiriça de Ressano Garcia.
Segundo relatos colhidos pelo Evidências, a operação que ainda está em curso, está a ser liderada por agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), incluindo o Grupo de Operações Especiais (GOE) e tem em vista a reabertura daquela que é a maior fronteira terrestre do país, que continua encerrada apesar da última fase das manifestações ter terminado esta quarta-feira.
Os agentes da polícia que estão a conduzir a operação chegaram em dois autocarros, escoltados por cinco Mahindras e logo exigiram a desobstrução da via para permitir a passagem de camiões que estavam bloqueados.
O ultimato não foi atendido pelos manifestantes, que num primeiro momento pensavam tratar-se de um reforço de polícias de guarda de fronteira. Contrariada, a UIR abriu fogo bem à entrada da vila, próximo à bombas de combustível e continuou a perseguição nos bairros onde de forma indiscriminada atirou balas reais e gás lacrimogéneo.
Em jeito de retaliação, os manifestantes, correram e fora incendiar a sede do Posto Administrativo, a casa do Chefe do Posto e de um influente membro do partido Frelimo, já que a sede desta formação política foi reduzida em cinzas há já alguns dias.
Os manifestantes só foram contidos quando já estavam a se dirigir em direcção à esquadra onde pretendiam atear fogo com recurso a cocktails molotov e pneus. Tentaram ainda assim incendiar uma agência bancária e os antigos escritórios da migração.
Neste momento a situação continua tensa e há relatos de que os disparos continuam. Devido a evolução da situação o lado sul-africano viu-se obrigado a encerrar a fronteira.
Segundo relatos, até aqui, a acção resultou em pelo menos um morto e seis feridos, incluindo alguns graves transferidos de emergência para o hospital distrital da Moamba e provincial da Matola. A vítima mortal responde pelo nome de Shotas e estava a gravar uma live a denunciar a actuação da polícia. Num vídeo por ele gravado, o jovem dizia não ter medo de morrer.
“Estou nem aí se eles … eu sou povo, … estão a atirar gás lacrimogêneo. Naquela casa tem crianças “, denunciou o jovem instantes antes de ser baleado mortalmente. Segundo relato da sua sogra posto a circular num grupo de WhatsApp dos residentes de Ressano Garcia, o jovem perdeu a vida em Moamba, no hospital.
Os residentes e manifestantes prometem retaliar. Há relatos de que se reagruparam e tencionam agir logo pela madrugada.
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